Cientistas de SP testam células-tronco para tratar incontinência urinária

Uma pesquisa desenvolvida na Unifesp e no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, aposta nas células-tronco para a resolução da incontinência urinária por esforço para reconstituir a musculatura da região.

Os cientistas retiram material da medula óssea ou de algum músculo do corpo das mulheres participantes do estudo e, após processamento do material, conseguem as células-tronco.

Segundo Rodrigo Castro, pesquisador responsável pelo projeto, o maior desafio é alcançar o número necessário de células para uma maior chance de sucesso no tratamento.

Estudo

“Analisamos trabalhos da literatura e observamos que de 10 a 20 milhões é o adequado”, diz Castro. O caminho entre a retirada de material, processamento e obtenção dos milhões de células dura entre três e quatro semanas, a pesquisa está prevista para durar por um ano.

Com as células-tronco que têm potencial de se diferenciar e originar diferentes tecidos, os pesquisadores fazem aplicações na região da uretra das mulheres. São dez participantes do estudo.

Voluntárias

Uma das voluntárias é Elza Gabaldi, 58. Acompanhada há três meses. Ela diz já perceber melhoras nos escapes. “O medo [dos vazamentos] começou a me prender”, diz. Roupas escuras para esconder caso algo vazasse, e blusas mais compridas acabaram se tornando aliados. “Parece que você não tem controle de uma coisa super íntima.”

Especialistas no assunto, contudo, são mais cuidadosos com a questão das melhorias.

Foto: Reprodução

“A terapia com células-tronco ainda é uma coisa inicial. Precisamos esperar resultados efetivos para ver se vai ou não ter resultados”, afirma Jorge Haddad, membro da comissão de uroginecologia e cirurgia vaginal da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), e que não está envolvido no novo estudo.

Terapia promissora

O especialista contudo, avalia que, pelos resultados que já se observam atualmente, a terapia é promissora. “A ideia é conseguirmos reconstituir colágeno, musculatura lisa, vasos da região uretral. Melhorando essas estruturas, aumentaríamos a pressão e evitaríamos a incontinência.”

Castro também é cuidadoso em relação à promessa de resultados. “A terapia que estamos estudando precisa ter a mesma eficácia da cirurgia minimamente invasiva [um dos tratamentos padrão], que tem eficácia muito alta.”

Além da cirurgia, também pode-se optar pela utilização de exercícios para fortalecimento da musculatura da região e fisioterapia para tratamento de casos menos graves e prevenção.

Um porém da pesquisa, de acordo com Castro, é a dor relatada pelas pacientes na obtenção do material que dará origem às células-tronco.

Próxima etapa

Segundo o especialista da Febrasgo, também não se sabe ainda quais tecidos conseguem melhores resultados na reconstituição da área da uretra. Ele cita um estudo feito por sua equipe que conseguiu obter células-tronco a partir de sangue menstrual. A próxima etapa será a aplicação do material em pessoas com incontinência.

Tratamentos novos com técnicas de ponta e reconstituição de tecidos têm sempre o custo como obstáculo. Castro afirma que estão sendo feitas análises e comparações do preço total da terapia com células-tronco e das atuais. “Preciso saber não só o quanto custa, mas o quanto complica. A complicação [como infecções ou rejeição] é cara.”


Com informações: Correio do Estado

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