Físico e astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser recebe prêmio Templeton 2019 nos EUA

O físico e astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser recebeu, na quarta-feira (29) à noite, em Nova York, o prêmio Templeton, que já foi concedido a personalidades como Dalai Lama e Madre Teresa de Calcutá.

Dependendo das suas crenças, a história do universo e da vida pode ter versões diferentes. A maior parte dos cientistas explica a criação com fenômenos puramente físicos e químicos. E Deus não entra nessa história. Já para alguns religiosos, a Terra foi criada em seis dias. E a ciência não entra nessa história.

Mas Marcelo Gleiser é um cientista, um físico e astrônomo, um estudioso das origens do céu e da terra, e defende que ciência e Deus não precisam estar assim, tão definitivamente separados.

“Eu tenho a humildade de aceitar o fato de que a gente não sabe tudo. Então, eu mantenho a mente aberta para surpresas e, obviamente, depende do que você chama de Deus, porque tem gente que acha que Deus é a natureza, então, se Deus é a natureza, eu sou uma pessoa religiosa”, avaliou.

Gleiser é um dos mais importantes pesquisadores brasileiros, com publicações reconhecidas em todo o mundo. Mas foi justamente essa visão mais acolhedora dos mistérios do universo que fez o cientista ganhar o prêmio de espiritualidade.

Físico brasileiro Marcelo Gleiser recebe o prêmio apelidado de ‘Nobel da Espiritualidade’, oferecido pela Fundação John Templeton. Foto: Reprodução

O prêmio Templeton foi criado em 1972 pelo bilionário americano John Templeton, e é conhecido como o Nobel da espiritualidade.

Há 21 anos, o carioca Marcelo Gleiser é professor de física e astronomia no Dartmouth College, nos Estados Unidos. E também é um grande divulgador de uma ciência acessível. Tem 14 livros publicados, escreveu colunas para jornais, rádios, sites. 

Na cerimônia em que recebeu o prêmio, Gleiser disse, em inglês, que às vezes não podemos explicar as coisas, apenas sentir; que precisamos estar abertos para aprender com quem pensa diferente de nós; e que temos que nos unir para deixarmos um mundo melhor para as futuras gerações.

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“Marcelo Gleiser propõe e demonstra uma reintegração da alegria primordial e da atenção na ciência como é praticada agora para reconhecer o antigo fascínio, inexplicável em si, que fez da humanidade uma raça de investigadores profundos.”
– Marilynne Robinson, escritora e vencedora do prêmio Pulitzer

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Para Heather Templeton Dill, presidente da fundação, o que se destaca nas ações de Gleiser é a sensação de surpresa diante de cada possível descoberta. O trabalho do professor Gleiser exibe uma inegável alegria pela exploração. Ele mantém a mesma sensação de maravilhamento contemplativo que experimentou pela primeira vez quando criança na praia de Copacabana, contemplando o horizonte ou o céu noturno estrelado, curioso sobre o que está além.

A fundação lembra que Gleiser costuma dizer que a ciência pode ser descrita como o “engajamento com o misterioso”.

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“Como ele escreve em A Ilha do Conhecimento: Maravilhamento e contemplação são a ponte entre o nosso passado e presente, e o que nos propele em direção ao futuro enquanto continuamos a procurar.
– Heather Templeton Dill

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Gleiser considera que reflexões espirituais são ponto crucial para uma investigação completa do mundo. “O caminho para a compreensão e a exploração científica não é apenas sobre a parte material do mundo, mas também é uma parte espiritual do mundo”, diz Gleiser.

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Minha missão é trazer de volta para a ciência, e para as pessoas interessadas na ciência, esse apego ao misterioso, para fazer as pessoas entenderem que a ciência é apenas mais uma maneira de nos envolvermos com o mistério de quem somos.”
– Marcelo Gleiser

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Foto: Reprodução

Com informações: Jornal Nacional / Uol

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