Indígenas participam de casamento coletivo em Rio Tinto, na Paraíba

O feriado de 1ª de maio foi longo para José Manoel Pereira, 79 anos, e dona Luzinete Pereira da Cruz, 60. No dia seguinte eles tinham um compromisso que os aguardava há 46 anos. O casal se dirigiu ao Fórum da Comarca de Rio Tinto, na Paraíba, para dar entrada na documentação para o casamento civil. A união com o aval do juiz já tem data: 31 de maio. Nesse dia, 70 casais indígenas Potiguara participam do casamento coletivo promovido pela Defensoria Pública da Paraíba.

“Casei no padre, mas não casei no juiz. Agora, vamos oficializar tudo”, afirmou o noivo. Luzinete já chegou toda de branco numa antecipação do grande dia. Ela sabe bem o significado da celebração civil. “Agora vai ficar tudo regularizado, para a gente ter direitos. Ele tem direito nas minhas coisas e eu nas deles”, comentou.

José e Luzinete são da aldeia Jacaré de São Domingos, em Marcação. Foto: Roberto Marcelo

O evento será às 10h, na unidade do Sesi (Serviço Social da Indústria) de Rio Tinto, localizado na Praça da Vitória, no Centro. Participam casais jovens e outros mais experientes, alguns com filhos, bisnetos e mais de 40 anos de vida conjugal. Formalizam a união indígenas das aldeias Lagoa Grande, Jacaré de São Domingos, Monte-Mor, Três Rios, Galego, Tramataia, Grupiuna, Jacaré de César, Tracoeira, Ybykuara, Akajutybiro e São Francisco.

Robson Cassiano, 39 anos, convive com Marilene Vérima, 37, desde os 19 anos. Os dois adiavam esse momento, mas dessa vez o desejo deles e dos filhos Mikelly, Mirelly e Kauã Naron será atendido. “Vamos casar agora mais por questão de organização. Além disso, os meninos cobravam muito também. É uma forma de oficializar nossa união. De deixar tudo organizado”, comentou Robson.

O motorista Robson Cassiano e a técnica de enfermagem Marilene Vérima, junto com os filhos. Eles moram na aldeia Monte-Mor. Foto: Roberto Marcelo

O cacique geral Sandro Gomes Barbosa considerada o casamento civil importante porque é uma forma de reconhecer os direitos dos casais. “Se acontecer alguma morte, por exemplo, fica muito mais fácil de resolver os benefícios, como pensão. Quando as pessoas são casadas, facilita muito. Também é uma forma de ficar mais unido como casal. Além disso, casar é caro e muita gente ainda não tinha oficializado a união por causa da situação financeira”, afirmou.

Segundo a defensora pública Rosário Lima, o casamento coletivo tem como objetivo regularizar a situação civil de moradores indígenas das 32 aldeias localizadas nos municípios de Marcação, Baía da Traição e Rio Tinto. “Com a oficialização do matrimônio, os casais podem resolver pendências previdenciárias e ter acesso a pensões, aposentadorias, entre outros benefícios”, explicou a defensora Rosário Lima”, explicou.

A cerimônia é promovida pela Defensoria Pública da Paraíba com o apoio da Associação dos Notários e Registradores da Paraíba (Anoreg-PB), Prefeitura Municipal de Rio Tinto, Prefeitura Municipal de Marcação, Prefeitura Municipal da Baía da Traíção, Fundação Nacional do Índio (Funai), Sesi, Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) e Tribunal de Justiça da Paraíba.

Com informações: Ascom/Defensoria Pública da Paraíba

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