Lei Chico Anysio reconhece humor do Ceará como patrimônio cultural imaterial

Na terra onde a população carrega o talento para o riso, o humor é cultura. O governo do Ceará sancionou a Lei Chico Anysio (Lei N.º 220/15), que estabelece o “Ceará, Terra do Humor” como bem cultural de natureza imaterial. A expectativa agora é de que haja maior incentivo ao trabalho dos humoristas locais.

O “Estado de Graça” cearense é casa de artistas como Renato Aragão, Tom Cavalcante, Falcão, Tiririca, Rossicléa, Adamastor Pitaco, do próprio Chico Anysio e de uma lista extensa de outros nomes do humor, da antiga e da nova geração.

Renato Aragão, Falcão e Tom Cavalcante. Foto: Reprodução

A região marcada pelo riso conta desde 2014 com o Museu do Humor Cearense (MHC). O local foi idealizado para contar a história antiga e mais recente do humor no estado. No acervo do espaço estão cerca de 2.000 livros específicos de Humor e objetos do humorista Chico Anysio.

O MHC reúne peças do humorista Chico Anysio. Foto: Reprodução

O MHC fica localizado no mesmo endereço do teatro que leva o nome do artista e é formado pela Biblioteca Professor Raimundo, representações da Praça do Ferreira, Sala dos Troféus, Sala de Vídeo, Sala Cine Holliúdy e a Budega do Riso.

“Este é um museu vivo, pois está sempre se renovando. A história do humor nunca acaba”, disse o historiador e humorista Jader Soares, que interpreta o personagem Zebrinha.

Origens do humor

Segundo o pesquisador, o cearense Paula Nei, natural de Aracati, foi o primeiro brasileiro a fazer humor no país, especialmente no Rio de Janeiro, para onde se mudou aos 18 anos.

Representação da Praça do Ferreira com o bode Ioiô e Paula Nei. Foto: Jader Soares

Jader Soares é autor de biografia homônima do comediante. “Defender Nei como o primeiro humorista brasileiro é algo que faço sem esforço. Descobri isso através de depoimentos que li ou simplesmente de citações de pessoas que conviveram e até de quem só ouviu falar depois de sua partida”, contou.

No Ceará, a Praça do Ferreira foi um centro efervescente de humor e cultura no começo do século XX. Tem como marcas seus bancos, a Coluna da Hora e o Cajueiro da Mentira (que já não existe mais).

Entre os “causos” cearenses está o dia em que o povo vaiou o sol, decepcionados com a falta de chuva, fato ocorrido em 1942. Outro personagem marcante é bode Ioiô. O animal que passeava pela praça era querido por todos. Em uma brincadeira, escritores e boêmios resolveram tornar o bode candidato a vereador. O seu cabo eleitoral foi Quintino Cunha, outro precursor do humor na região.

Cultura do riso

Com o humor como patrimônio devem ser viabilizadas políticas públicas para a área, com iniciativas como Fórum Cearense do Humor, Edital do Humor e o projeto Terça de Graça.

Rossicléa, a Dama do Humor no Brasil, interpretada por Valéria Vitoriano. Foto: Igor de Melo

Além do Museu do Humor Cearense (MHC) e do Teatro Chico Anysio, os artistas contam com a Associação dos Humoristas Cearenses, criada em 2008, e são homenageados no dia 12 de abril, data de nascimento de Chico Anysio e na qual é comemorada o Dia do Humorista, desde 2003.

“Chico Anysio dizia que, por conta do sofrimento, o humor era o jeito de o cearense extravasar. Não sei se é isso. Acho que o brasileiro, de forma geral, é muito alegre. O nordestino é muito gaiato e o cearense consegue colocar essa alegria no palco. Todo mundo conta piada no bar, mas, na hora de subir num palco para fazer isso, o cearense é quem melhor faz. Nós influenciamos outros estados”, afirmou Soares.

Com informações: Agência Brasil / Museu do Humor Cearense / O Povo

 

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