Poetas nordestinos participam de festival internacional de literatura de cordel

A arte da palavra em versos. Poetas repentistas do Brasil, Espanha, Marrocos e Portugal participam até 4 de março da primeira edição do Festival Internacional do Verso Popular (FestCordel). As cidades portuguesas de Aveiro, Murtosa, Estarreja e Albergaria-a-Velha sediam o evento itinerante que pretende restaurar no país uma das tradições culturais mais antigas da língua portuguesa.

Os poetas cearenses Geraldo Amâncio, Jorge Macedo e Klévisson Viana representam o Brasil no país Europeu. Organizado pelo professor e pesquisador da cultura popular António de Sousa Abreu Freire, o evento tem como tema “Descante, Desgarrada e Desafio”.

Klévisson Viana e Geraldo Amâncio Foto: Saulo Barreto

Geraldo Amâncio, com mais de 50 anos de carreira na cantoria popular contou que o festival é uma oportunidade de levar a arte para o lugar onde ela nasceu. “O repente existe em quase todos os países do mundo. Mas foi no Nordeste do Brasil onde a história mais incorporou, onde esteve mais forte. Exatamente por essa vertente da comunicação, o repente enraizou-se mais aqui”, frisou.

O ilustrador, quadrinista e editor de cordéis, Klévisson Viana, também reafirma a força da herança da Península Ibérica no território brasileiro. “O cordel e o repente são muito fracos em Portugal, enquanto no Brasil têm uma força gigantesca. Literatura Popular você pode até encontrar em qualquer país, mas só quem faz com qualidade e em quantidade é o Brasil. A literatura de cordel, como um todo, é muito estudada fora do país”, disse.

Capa do livro de António de Sousa Abreu Freire e Geraldo Amâncio que será lançado no FestCordel. Foto: Divulgação

No festival, os brasileiros irão palestrar para alunos e professores em escolas e universidades sobre a literatura de cordel, além de declamar e realizar cantorias. Na ocasião também haverá o lançamento do livro “Miolo da Rapadura”, de autoria de Klévisson Viana, marcado para o dia 28 de fevereiro, na Universidade de Aveiro.

“Pretendemos sensibilizar as escolas, as universidades e o público em geral, para esta tradição perdida, da qual tivemos exímios executantes de norte a sul do país, alguns dos quais, como o Marques Sardinha, retratado desde 1929 na estação ferroviária de Avanca, viveram entre nós e encantaram o nosso povo que ainda recorda os seus nomes”, destacou António de Sousa Abreu Freire.

Antigas tradições de cantoria em Portugal com Marques “Sardinha” e Guida Rei. Foto: Egas Moniz

Além dos brasileiros, integram o grupo de poetas, os portugueses Augusto Canário e Cândido Miranda, as espanholas Lupe Blanco e Alba Maria, e o marroquino Muhamed el Eich. A abertura do FestCordel ocorreu na quarta-feira (21).

“O FestCordel deste ano de 2018 é apenas o prelúdio a um grande festival que vai acontecer a partir do próximo ano de 2019 como festival de verão. Trata-se de restaurar uma das tradições culturais mais genuínas e tradicionais do povo português, a da cantoria em verso, na forma de Descantes, Desgarradas e Desafios, que durante séculos animaram os arraiais. Faz parte da nossa identidade e da nossa criatividade, um dos valores esquecidos que temos que recuperar”, adiantou o organizador.


Com informações: Portal d’Aveiro / Diário do Nordeste

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