Regina Limeira: um mergulho na essência para compor e cantar

A natureza é abrigo das canções. Descobri-las e vê-las brotar requer sintonia. Mas este nascer já vem embalado por um berço comum de onde surgem melodias e palavras ancestrais. “Compor, tocar e cantar me salvam e me libertam das prisões e ilusões mentais que angustiam a humanidade”, ressalta a cantora e compositora Regina Limeira.

Nascida em 5 de junho de 1991, em João Pessoa, a paraibana cresceu em um ambiente familiar no qual música e poesia fizeram morada em várias gerações. Regina Limeira começou sua carreira compartilhando o palco com outros artistas como nos grupos Dona Moça, As Bastianas, Trem das Onze e Troça Harmônica, além de outros projetos.

Em 2017, a cantora e compositora estreou nos palcos solo, com o projeto ‘No Ventre da Mata’. O álbum carrega ritmos como o samba, ijexá, mantra, cantiga, entre outras sonoridades, em canções como ‘Maria Vem’, ‘História’ e ‘Saudação à Liberdade’. O Conexão Boas Notícias conversou com Regina Limeira sobre a nova fase da carreira, inspirações, família e o desafio de compor.

Com uma família artística, cantar foi uma escolha ou um percurso natural?

Um percurso natural. Hoje acredito mesmo que vem de muito longe, para além dessa existência. Mas o fato de ter estes ancestrais muito contribuiu para que assim fosse. Desde pequena acompanho minha mãe nos ensaios dos corais e grupos dos quais ela faz parte, dentre outras várias situações sempre regadas à música, e, naturalmente, canto.

Como você foi se descobrindo cantora, musicista e compositora?

A resposta à primeira questão dá algum norte a respeito disso. Mas me atendo aí ao terceiro item, “compositora”, digo que foi/é esta a descoberta mais paulatina e profunda. Na verdade, ela ainda está acontecendo. Eu tinha uns 7 anos de idade quando compus minha primeira canção de amor, era fãzona de Sandy e Júnior e foi uma canção bem dentro da linha do que eles lançavam na época. Ninguém deu muito crédito, claro, mas acredita que lembro até hoje? E tem um certo sentido, quando se pensa que veio de uma criancinha. Daí passou-se.

Aos 17 anos me veio novamente uma inspiração, num momento de turbulência mental me veio a canção “Descaminho”, que cheguei a apresentar com “A Troça Harmônica”.

A partir daí outras vieram, gravei três no álbum da Troça, sendo uma em parceria com os meus então companheiros de trabalho. E estou me descobrindo até hoje. Agora já tenho cerca de 70 composições.

A cantora e compositora Regina Limeira. Foto: Reprodução

Quais são suas referências musicais e o que a inspira a compor?

Tenho as referências familiares, as canções que minha mãe ouvia, as canções que meu pai ouvia, não vou me prender a nomes, mas muita gente boa deste rico Brasilzão. Meu próprio avô, o maestro Pedro Santos, que conheci através de sua antologia musical, uma obra cheia de riquezas, com a qual tenho muita conexão.

Mas, atualmente, minhas maiores inspirações são as vivências que venho experienciando no meu cotidiano, sobretudo minha relação com a natureza e minhas relações de amizade permeadas por forte conexão espiritual. Hoje, compor é a maneira que encontrei para me libertar das agonias mundanas. Compor, tocar e cantar me salvam e me libertam das prisões e ilusões mentais que angustiam a humanidade. Não componho por capricho, por isso que as vezes até me considero recebedora de canções, porque elas já chegam à minha mente e ao meu coração praticamente prontas, para me dar forças para prosseguir cantando neste mundo.

Nos grupos Trem das Onze e A Troça Harmônica, além de outros projetos, atuou e atua em família. Nos palcos, nos bastidores e no próprio ambiente familiar há uma troca de experiências e sonoridades entre vocês?

Sim, a troca é inevitável. O primeiro compositor que conheci de perto é meu irmão, Chico Limeira. Uma figura bastante peculiar, assim como eu. Muito autêntico. Muito me influenciou nos meus primeiros passos.

Nos 9 anos de trabalho com o Trem das Onze aprendemos muitas coisas. Mas é isso, mesmo sendo numa família de artistas, a convivência familiar permanece tendo seus pormenores complexos. Então, hoje, não vivenciamos a mesma intensidade de trocas, mas em compensação temos a oportunidade de dar um mergulho dentro de nós mesmos, da nossa própria e única essência, o que também tenho achado muito positivo e prazeroso.

A Troça Harmônica, formada por Lucas Dourado, Regina Limeira, Chico Limeira e Gustavo Limeira. Foto: Reprodução

‘No Ventre da Mata’, seu projeto solo, reflete um momento íntimo seu e ainda passeia por diferentes ritmos. Esse trabalho, além de resultar de uma imersão pessoal, também identifica o seu estilo na carreira solo?

Este trabalho é o retrato de quem sou eu, hoje, aos 26 anos. Tenho descoberto que meu estilo é esse, ser eu, e estou amando muito. Foi um trabalho, de fato, construído “no ventre da mata” e, se entregar à natureza tornou-se o meu santo remédio. Conversando com passarinhos, árvores e formigas gigantes, vou conhecendo minha luz e minha sombra e navegando dentro de mim. As canções são apenas resultado dessa terapia, que é o verdadeiro trabalho, um trabalho que nunca quero deixar de realizar.

Depois de cantar e tocar em grupos, o que a carreira solo tem te trazido e revelado enquanto artista?

Com todo amor aos grupos dos quais fiz parte, por todos os aprendizados adquiridos, por todas as relações construídas, sou muito feliz pela liberdade que a carreira solo tem me trazido. Desde os 12 para os 13 anos que participava de grupos. Foram muitos anos de muitas trocas.

Hoje, poder criar de maneira livre, sem tantas opiniões – porque grupo é isso, não é? Uma gama de opiniões e aquele eterno processo de sintonização, equilibração – tem me feito acessar recantos de mim que somente a solidão é capaz de permitir. Tenho muito amor pelo silêncio, pela minha liberdade de gerenciar meu próprio tempo e por poder estar sempre trabalhando, em qualquer lugar, a qualquer hora. Sinto que os caminhos têm se aberto e a maior revelação que a carreira solo me traz é que hoje estou vivendo a minha mais pura verdade.

História – Regina Limeira



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Por Marcella Machado, da redação do Conexão Boas Notícias

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