Pomada cicatrizante de urucum criada por pesquisadores mineiros será exportada

Nas tribos indígenas, o urucum é usado para pintar o rosto de vermelho. Nas nossas casas, dá cor às receitas e, em alguns casos, até ajuda as mulheres na hora do bronzeado.

O urucum é conhecido popularmente como um corante natural, e o novo aliado no tratamento de ferimentos na pele causados por diabetes, queimaduras, cortes e psoríase.

Um grupo de pesquisadores mineiros de Viçosa, na Zona da Mata, após 17 anos de investigações desenvolveu uma pomada fitoterápica à base da semente do fruto. O medicamento é capaz de reduzir o tempo de cicatrização e custa menos que outros produtos indicados para lesões dermatológicas.

A pomada pode ser comprada pela internet, mas, em breve, está nas prateleiras dos estabelecimentos comerciais.

Como tudo começou?

Foto: Reprodução

Segundo o pesquisador Aloísio José dos Reis, em 1999, ao manipular o urucum com as mãos machucadas, percebeu o efeito cicatrizante. “As lesões melhoraram de forma muito rápida”.

Entretanto, após alguns anos, só em 2006 é que foi criada a firma Profitus, vinculada à Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Aloísio e o professor da UFV Paulo César Stringheta utilizaram uma fração das sementes para obter o remédio natural. A dupla desenvolveu tecnologia própria capaz de retirar o extrato do fruto de forma mais eficiente e a baixo custo.

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As primeiras aplicações, conta Aloísio Reis, foram feitas em coelhos e ratos. Três marcas de pomadas cicatrizantes existentes no mercado foram utilizadas e os resultados comparados antes dos testes em humanos. Os pesquisadores garantem que não há contraindicação.

“O diferencial é que os produtos são feitos com extratos naturais. Não são fármacos, mas sim dermocosméticos. Por ser um produto com princípios ativos de origem natural, não apresenta qualquer contraindicação no uso em lesões dermatológicas e para a melhoria da proteção da pele”, declara Paulo Stringheta.

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Segundo o pesquisador os trabalhos foram feitos no laboratório de Corantes Naturais e Compostos Bioativos da UFV e serviram como pano de fundo para teses de doutorado, dissertações de mestrado, artigos, e um livro sobre o urucum e suas aplicações.

“Houve envolvimento de profissionais de diferentes áreas, como bioquímicos, farmacêuticos, engenheiros de alimentos e químicos. Uma equipe interdisciplinar”, esclarece.

Eficácia é o diferencial

De acordo com os resultados obtidos em laboratório, os pesquisadores perceberam que a concentração do extrato do urucum poderia variar, possibilitando o tratamento de várias lesões dermatológicas. Quatro tipos de pomadas foram criadas após os experimentos.

Uma delas é indicada para o tratamento de escaras, feridas desenvolvidas em pacientes que ficam deitados ou sentados por muito tempo, como cadeirantes. Outra é ideal para queimaduras de primeiro grau. “Além de cicatrizar, traz outros benefícios. No caso das queimaduras, a pomada acaba com o ardor em cerca de dez minutos”, assegura Aloísio Reis.

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O professor Paulo Stringheta também lembra a eficácia do produto em pessoas que sofrem com diabetes. Para os portadores da doença, uma das complicações mais comuns é o chamado pé diabético, que causa desde feridas crônicas e infecções até amputações dos membros inferiores.

Segundo ele, algumas pessoas que desenvolveram ferimentos do tipo estavam “há anos” utilizando medicamentos convencionais e não percebiam melhora. “Com a pomada de urucum, os resultados foram imediatos”, diz.

Comprovada a eficácia da pomada à base de urucum, os pesquisadores trabalham agora em testes para viabilizar o licenciamento de novos produtos para o tratamento de herpes, afta, acne, furúnculo e micoses.

Onde encontrar?

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Desde junho de 2016, que a pomada de urucum é comercializada na internet (profitus.com.br), a pomada de 30 gramas é vendida por cerca de R$ 47. O valor é até 40% mais barato se comparado a remédios receitados para lesões na pele. Dez mil unidades do produto foram disponibilizadas no primeiro lote. O segundo contará com 50 mil.

A empresa responsável informou que os diretores estão em negociação com farmácias e representantes comerciais. Em estabelecimentos de Viçosa (MG) já pode ser encontrada. A expectativa é a de que, em breve, esteja disponível em lojas de todo o país.

Pomada ultrapassa fronteiras: Austrália e Nova Zelândia

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Com um pouco mais de um ano no mercado, a Profitus – empresa ligada à Universidade Federal de Viçosa (UFV) responsável por pomadas cicatrizantes à base de extrato de urucum – vai expandir os negócios para fora do Brasil, ganhando os mercados australiano e neozelandês.

“Um grupo australiano nos procurou e mostrou interesse em nossos produtos, por isso abrimos nosso processo de internacionalização”, explica Aluísio dos Reis, sócio-fundador da Profitus e descobridor, por meio de um acidente científico, do poder cicatrizante do extrato de urucum.

O que os pesquisadores afirmam na teoria, o médico generalista Carlos Henrique Pereira Fialho confirma na prática. Recentemente, o especialista acompanhou a evolução de um paciente diabético com feridas mal cicatrizadas. “Ele já tinha usado outros medicamentos, mas sem resultados. Quando trocamos para a pomada de urucum, tivemos resultado positivo”.

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A pesquisa continua. Dois cremes já foram desenvolvidos e testados pela empresa. Agora, estão em fase de aprovação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Um deles terá a finalidade de recuperar peles ressecadas pela incidência solar, além da capacidade de rejuvenescimento. O outro é um antiacne. Ambos devem estar no mercado até novembro.

Por ser uma novidade em todo o mundo, os pesquisadores mineiros patentearam a metodologia de obtenção do extrato de urucum no Brasil e em outros 142 países.

Com informações: HojeEmDia / O Tempo / Revistapegn / Uai-Saúde / Dom Total

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