Projeto utiliza música para resgatar memórias de idosos atendidos pelo HULW

Atividade de extensão adota a música autobiográfica como terapia complementar nas síndromes demenciais

O uso de músicas autobiográficas como terapia complementar nas síndromes demenciais está mudando a vida de idosos atendidos no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW-UFPB), da Universidade Federal da Paraíba e vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

A terapia por meio de canções faz parte do projeto de extensão “Musicalmente”, desenvolvido pelo setor de Geriatria, e é coordenado pela geriatra Manuella de Sousa Toledo. O trabalho envolve estudantes de Medicina, Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Música e Psicologia. 

As síndromes demenciais são muito comuns e o envelhecimento é um fator de risco sabido, informa a geriatra Manuella Toledo. “Temos mais de 250 demências no mundo, sendo 60% Alzheimer. É importante investigar todo esquecimento, pois não é normal de idade nenhuma esquecer. Então, é importante investigar e diagnosticar”, afirmou.

A terapia por meio de canções faz parte do projeto de extensão “Musicalmente”. Foto: Divulgação

Inspirado nos projetos “Música para Despertar”, na Espanha, e Music and Memory, nos Estados Unidos, o “Musicalmente” tem como objetivo trabalhar a música autobiográfica como terapia alternativa dos sintomas neuro-comportamentais nas síndromes demenciais. O público-alvo são pacientes do Ambulatório de Memória do HULW e pacientes com diagnóstico de demência hospitalizados na instituição.

“A música autobiográfica é uma música que tem um significado especial na vida de cada paciente. Então a gente busca conhecer melhor o paciente, montar um repertório individualizado, personalizado, para que tenha os efeitos desejados. A gente espera efeitos no comportamento, no humor e também em sintomas depressivos ou ansiosos, além de reduzir a apatia e melhorar a relação entre o paciente e o próprio cuidador”, comenta Nathalia Cristina Immisch, interna de Medicina no HULW.

“Achei tudo maravilhoso aqui. Nunca pensei que na velhice viveria isso tudo de novo”, diz dona Anatália. Foto: Divulgação

É o que vem ocorrendo com dona Anatália, 86 anos, que recebe atendimento no Hospital Universitário. Bastou uma sessão musical para ela relembrar histórias e momentos da juventude. “Lembro muito que minha mãe enfrentou os cangaceiros. Todo mundo fugiu com medo, mas ela não”, comentou a idosa, logo após dançar e se divertir ao som de Luiz Gonzaga e Sivuca.

“Ave Maria, achei tudo maravilhoso aqui. Nunca pensei que na velhice viveria isso tudo de novo. Me alegrei muito. Lembrei muito de minha terra (São Gabriel, interior da Bahia). Lembrei de quando meu pai fazia essas brincadeiras todas. Era uma festa! Tinha pamonha, milho assado, era uma alegria. Juntava tanta gente dentro de casa”, comentou dona Anatália, rindo.

A satisfação com o projeto também se vê na filha de dona Anatália, Creusa Carneiro. Faz uns dois anos que a mãe é atendida no setor de Geriatria do HULW e, há pouco tempo, começou a fazer parte do projeto. “Desde que começou o tratamento, minha mãe está muito mais tranquila, recuperando a memória e mais alegre. Eu fiquei encantada com esse projeto. Sinceramente, eu acho que através da música é muito mais fácil você trabalhar certas dificuldades do idoso: lembranças, memórias, até a questão da autoestima”, comentou.

O “Musicalmente” tem como objetivo trabalhar a música autobiográfica como terapia alternativa dos sintomas neuro-comportamentais nas síndromes demenciais. Foto: Divulgação


Com informações: Angélica Lúcio – Ascom – HULW/UFPB

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