Economia Criativa: análise econômica e cultural das festas juninas no Brasil

Por Regina Medeiros Amorim

Estamos no período das festas juninas, uma das expressões culturais mais legítimas do Brasil, que traz na sua simbologia, a cultura viva, a criatividade e a alegria da população, os encontros de familiares e amigos, as oportunidades para empreender e a movimentação da economia local.

Mas, há controvérsias quanto às festas juninas promovidas em muitos municípios brasileiros, onde a sociedade organizada, deveria estar à frente ou pelo menos deveria ser ouvida, quanto aos seus objetivos de desenvolvimento local, inteligente, inclusivo e sustentável.

Uma grande festa junina precisa ser contemplada com políticas públicas que produzam as mudanças transformadoras, necessárias para o desenvolvimento de um destino turístico, que estimulem o pensamento criativo de projetos, que tenham a legitimidade dos atores culturais e do empreendedorismo local.

A essência de uma festa junina é em parte, a forma como alguns governos faz a gestão pública no dia a dia, inclusive a forma como adquire bens e serviços e como respeita os valores culturais, patrimoniais e sociais da comunidade que representa.

Missão

A missão do governo na economia é solucionar os problemas comuns dos cidadãos, pelo poder da inovação coletiva, seja na saúde pública, na educação, na segurança, na mobilidade urbana, no destino do lixo, o acesso à internet para todos e no estímulo ao empreendedorismo criativo, tão adequado aos novos tempos.

Os formuladores das leis e das políticas devem interagir com a comunidade, reconhecendo a diversidade de opiniões, solução de problemas ou geração de novas oportunidades, através da pesquisa junto aos cidadãos, por idade, classe social, por rua, por bairro e outros critérios que promovam o engajamento dos cidadãos.

Para quem são as festas juninas? Como se distribuem os benefícios? A riqueza decorrente de uma festa junina fica na cidade ou sai para outros lugares? A população tem o direito de brincar como deseja? Para quem são as praças e as ruas da cidade? Os trios de forró pé-de-serra e as quadrilhas juninas são contratados com preço justo, de forma a compensar o investimento do espetáculo realizado? O que dizer de uma cidade turística que não se prepara para receber os turistas com a valorização da cultura do lugar? Os talentos do lugar são consultados para decorar a cidade, de forma criativa? Existem camarotes gratuitos e adequados para a população com mobilidade reduzida?

Escolhas

Essa abertura para que os cidadãos façam as suas escolhas não pode ficar por conta da boa vontade de políticos. As organizações da sociedade civil devem ser estruturas consultivas, para garantir os melhores resultados da missão pública, porque estão alinhadas com as necessidades, valores e expectativas da comunidade.

Os cidadãos e suas associações devem trabalhar em estreita colaboração com os gestores públicos, pois são conhecedores das questões sociais, culturais, ambientais, econômicas e políticas, sob diferentes perspectivas, evitando que a gestão pública, seja engolida pela miopia de marketing e fique “a ver navios”, por achismo e amadorismo.

Imagine ter líderes políticos e empresariais que se preocupam com os impactos da mudança climática, que enxergam a longevidade da população e priorizam projetos mais inclusivos e de futuras oportunidades.

Geração 60+

Indicadores apontam que a geração 60+ deverá ser igual ou maior que a de jovens a partir de 2060. Segundo relatório do Banco Mundial, em 2050 a estimativa é que 65 milhões de brasileiros tenham mais de 60 anos.

Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indicam que os idosos compreendem 15,54% da classe AB e 13,07% da classe C. Por isso é fundamental se avaliar os atuais eventos de rua para milhares de pessoas, com o devido olhar para a inclusão social, para o acesso seguro aos cadeirantes e pessoas com pouca mobilidade.

Melhores caminhos

Os governos precisam buscar os melhores caminhos para desempenhar o seu papel no desenvolvimento de investimentos que garantam a inclusão social, de forma mais democrática.

A boa notícia é que se pode fazer melhor, desde que gestão pública e privada, unam esforços para que as festas juninas sejam sempre, fontes de riqueza, trabalho e entretenimento, tendo na linha de frente, as artes e suas diversas manifestações culturais.


Imagens: Arraial Junino Criativo e Colaborativo – Santa Luzia-PB | Arquivo Pessoal | Regina Medeiros Amorim


Regina Medeiros Amorim

Gestora de Turismo e Economia Criativa. Paraibana, sertaneja, natural de Santa Luzia. Em 1976 mudou-se para a capital paraibana. Viveu em Maceió (Al) de 1989 a 1999.  Radicada em João Pessoa desde 2000.

Trabalha no Sebrae da Paraíba. Mestre em Visão Territorial e Sustentável do Desenvolvimento, Pós-graduada em Gestão e Marketing do Turismo. 

*Dama Comendadora do Turismo – Comenda Cruz do Mérito do Turismo – Câmara Brasileira de Cultura. (Outorga de Notáveis da Região Sul em Foz de Iguaçu e demais regiões do Brasil – Foz do Iguaçu-PR, em 14/05/22).

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E-mail: reginaamorim1256@gmail.com


Edição: Josy Gomes Murta


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