Economia Criativa: Estratégias para a autossustentação do Carnaval Tradição de João Pessoa

Por Regina Medeiros Amorim

A crise de identidade cultural que estamos vivendo é fruto de um processo de mudança da sociedade. Define-se identidade cultural o “pertencimento” que valoriza as culturas étnicas, linguísticas, religiosas e nacionais. Todas as transformações da sociedade contribuem para a evolução das nossas identidades pessoais e culturais. A identidade compreende a interação entre o “eu” e a “sociedade”.

A cultura é a soma de conhecimentos e de crenças, que caracterizam uma comunidade, adquirida no seu meio, através da interação dos seus membros. A cultura perpassa todos os aspectos da vida da sociedade e sem ela os planos de desenvolvimento sempre serão incompletos e fadados ao insucesso.

A falta de continuidade das políticas culturais gera impactos sobre a manifestações culturais brasileiras. Entre elas estão as artes visuais, artes cênicas, a música, a fotografia, o cinema e a cultura popular (as danças e festas populares, o bumba meu boi, maracatu, caboclinhos, carnaval, ciranda, coco, reisado, frevo, cavalhada, quadrilhas juninas, capoeira e outras).

São poucos os dirigentes que têm interesse para que a cultura se torne parte integrante da política de Estado, até porque não há propósito de desenvolvimento cultural, não se busca o envolvimento da população e dos atores culturais.

Liga Carnavalesca de João Pessoa

É fundamental criar um sistema de informações, de indicadores sociais e econômicos relativo às atividades culturais locais, regionais e nacionais. Deveria ser prioridade a formação de gestores culturais que tenham clareza das dimensões desse universo, que saibam formular uma política cultural, eficaz e coerente.

Chamo atenção para o exemplo da Liga Carnavalesca de João Pessoa, uma das expressões culturais mais autênticas e tradicionais da capital paraibana, que representa os saberes, hábitos e costumes de pequenos mundos, que envolvem relações familiares, relações de vizinhança, o uso do tempo livre, a produção simbólica e material de um povo.

A Liga Carnavalesca de João Pessoa é um segmento da economia criativa e da cultura da cidade, que representa quarenta e quatro agremiações do Carnaval Tradição, entre Escolas de Samba, Tribos Indígenas, Ala Ursas, Clubes de Frevo e Batuques.

Importante refletir

Aproveitando o momento de mudanças que está por vir é importante refletir como as atividades culturais se inserem na vida da população e como enriquecem as experiências das cidades criativas e dos destinos turísticos. A política cultural por si somente, não consegue alcançar os resultados desejados. É preciso que haja interesse dos atores culturais, a efetiva atuação da sociedade organizada e um compromisso de governo. Não é papel do governo produzir cultura, mas assegurar os direitos à produção e à promoção cultural, bem como estimular e fomentar a criatividade de múltiplas expressões culturais que representam as diversas faces da sociedade.

SEBRAE da Paraíba convida parceiros e patrocinadores, para juntos e de forma colaborativa, realizar ações de consultoria, capacitação, marketing digital, estimular a produção de artes, espetáculos, exposições, eventos, para a gestão criativa, sustentável e inovadora das agremiações carnavalescas de João Pessoa, acontecerem o ano inteiro.

Sim, é possível

É possível sim, inserir as expressões carnavalescas de João Pessoa na arte de muralismo da cidade, na temática de uma exposição de artista plástico, na estamparia e acessórios da moda criativa e atemporal, nas emissoras de rádio para que os ouvintes conheçam as músicas das escolas de samba locais, no cardápio de pratos de restaurantes com o nome das agremiações carnavalescas de João Pessoa, nos personagens de economia criativa do turismo receptivo da cidade.

Também é possível formatar um roteiro turístico pelas agremiações carnavalescas de João Pessoa, criar souvenires carnavalescos com a colaboração de designers e artesãos. Ainda podem estar na literatura, no teatro, nos eventos sociais e corporativos, como todos os negócios potencialmente criativos.

Outras moedas de troca também devem ser utilizadas, para viabilizar parcerias estratégicas e cada vez mais, as agremiações carnavalescas possam estar na vanguarda das experiências culturais autênticas, do turismo em João Pessoa, cidade criativa da UNESCO.


Regina Medeiros Amorim

Gestora de Turismo e Economia Criativa. Paraibana, sertaneja, natural de Santa Luzia. Em 1976 mudou-se para a capital paraibana. Viveu em Maceió (Al) de 1989 a 1999.  Radicada em João Pessoa desde 2000.

Trabalha no Sebrae da Paraíba. Mestre em Visão Territorial e Sustentável do Desenvolvimento, Pós-graduada em Gestão e Marketing do Turismo. 

*Dama Comendadora do Turismo – Comenda Cruz do Mérito do Turismo – Câmara Brasileira de Cultura. (Outorga de Notáveis da Região Sul em Foz de Iguaçu e demais regiões do Brasil – Foz do Iguaçu-PR, em 14/05/22).

Facebook: https://www.facebook.com/regina.medeirosamorim

E-mail: reginaamorim1256@gmail.com


Edição: Josy Gomes Murta


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