Galeria de Arte Archidy Picado recebe a exposição “Limbo”, do artista José Rufino

A Mostra “Limbo” do artista José Rufino é um arquivo, uma linha do tempo, uma revelação dos meandros da criação. Está aberta desde às 19h de ontem, na Galeria de Arte Archidy Picado, do Espaço Cultural José Lins do Rego, João Pessoa (PB). 

O acesso é gratuito e o período de visitação estende-se até 3 de agosto próximo. Depois desse período, a mesma mostra será aberta na galeria da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo.

O artista revela que “Limbo” é o resultado de um exercício de resgate de obras que estavam guardadas, perdidas, esquecidas, desprezadas, inconclusas ou apenas à espera de uma chance para aflorar pelas brechas das obras tidas como maiores, ou mais dignas de existência.

Estarão na exposição coisas que José Rufino chama de pré-obras ou proto-obras, além de esboços, maquetes (de obras realizadas ou não), desenhos da infância e juventude, e resquícios do seu interesse, nos anos de 1980, pela poesia concreta e visual, bem como pela arte-postal. Esse rescaldo do limbo das camadas da criação cobre o intervalo de 1970 a 2018 e inclui obras mais recentes, simplesmente pelo fato de terem voltado ao ateliê, depositadas em algum tipo de esquecimento. 

A mostra
Início da montagem da mostra Limbo, com obras dos anos 70 até 2018. Foto: Facebook José Rufino | Reprodução

É um arquivo, uma linha do tempo, uma revelação dos meandros da criação. Como tal, é uma mostra de excessos, assim como tem sido a trajetória de Rufino, que já acumula centenas de exposições e alguns milhares de obras produzidas.

Xerox de colagens e poesias visuais do período 1984-1987, bem como exemplares de cartões pintados para envio como arte postal, representam o interesse do artista pelos movimentos mais experimentais, ao contrário do que acontecia com sua geração, mais devotada ao retorno à pintura (Geração 80).

 Algumas obras produzidas nos anos de 1990, inclusive expostas na Funesc (Espaço Colonizado, 1992; Respiratio, 1995; Fructus, 1996), estão presentes como foto-documentos. 
 
Diante da enorme quantidade de obras, e mesmo de materiais à espera de uso nas mapotecas, caixas, arquivos ou espalhados pelos espaços de trabalho, foram selecionadas apenas algumas vertentes para a mostra Limbo, como obras sobre papel, pequenos objetos, caixas, livros-objeto e monotipias à maneira de Rorschach, pensando na representatividade da obra de Rufino.

Cartas de família
Foto: Facebook José Rufino | Reprodução

Umas séries estão mais representadas, como os desenhos sobre cartas de família (cartas de família), iniciados nos anos 1980 e ainda em curso, pinturas influenciadas pelo grupo Gutai e monotipias à maneira o teste psicanalítico de Hermann Rorschach.

Limbo não é uma grande instalação, como Plasmatio (2002), Faustus (2010), Silentio (2010) ou Ulysses (2012), mas é, certamente, a manifestação do processo mais íntimo e complexo que já enfrentou para a concepção de uma exposição. Claro que escavação e retrabalhamento já são ingredientes fundamentais de sua produção e se fundem a interesses por temas recorrentes, como passado, memória, saudade, relação público-privado e oprimido-opressor, em praticamente todas as obras.

Coisas de arte

No entanto, em Limbo lançou-se num jogo: passar uma peneira fina pelos cantos do ateliê e catar as coisas que mais pediam, ou podiam ser tratadas, restauradas, terminadas, datadas e levadas à existência de coisas de arte. Cada coisa aqui peneirada assume a tarefa de falar pelas outras, de compor um corpo só, quimérico e descontrolado. 
 
A exposição Limbo é também um reconhecimento a alguns dos poetas e artistas cujas obras  foram fundamentais para a formação do repertório de José Rufino, especialmente nos anos de 1980.

José Rufino
Foto: Reprodução

João Pessoa, Paraíba, 1965 – Artista e escritor, é também professor de Arte nas Universidades Federais da Paraíba e Pernambuco. É autor do livro “Afagos”, editado pela Cosacnaify, do romance ainda inédito, “Desviver”, que recebeu a Bolsa Funarte de Criação Literária, em 2009.

Participou de cerca de 200 exposições, entre coletivas e individuais no Brasil e exterior. Entre elas: Dogma, na Central Galeria de Arte, em São Paulo, Violatio, no Museu da Escultura Brasileira, no CCBB/Rio de Janeiro; Aenigma na Galeria Milan em São Paulo; Blots&Figments, no Museu Andy Warhol, em Pittsburgh, EUA, e Faustus, no Palácio da Aclamação, em Salvador, quando ganhou o prêmio Bravo-Prime de melhor exposição do ano no Brasil. Participou da 25ª Bienal Internacional de São Paulo e das Bienais do Mercosul, Venezuela, Havana e Bienal do Fim do Mundo, em Ushuaia, Argentina.

Em 2016 ganhou o prêmio Mário Pedrosa, da ABCA, Associação Brasileira de Críticos de Arte, como melhor artista brasileiro contemporâneo. Atualmente é artista e também curador da Usina de Arte, projeto que transformou em polo cultural uma usina desativada, na zona da mata, no sul de Pernambuco.

Foto: Divulgação

Serviço

Exposição: “Limbo”, do artista José Rufino

Local: Galeria de Arte Archidy Picado, Espaço Cultural José Lins do Rêgo

Abertura: 03/07, às 19h

Visitação até 03/08/2018

Acesso: gratuito


Com informações: Secom-PB

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