Medicamento é aprovado e pode revolucionar combate à depressão, apostam cientistas

Spravato. Uma nova forma de combate à depressão acaba de ser aprovada pelas autoridades regulatórias nos Estados Unidos. A droga desenvolvida pela Johnson & Johnson é feita à base da esketamina, um anestésico de potencial alucinógeno que é “gêmeo” da ketamina, e será aplicada na forma de um spray nasal a pacientes com alto grau de depressão que não respondam a outros medicamentos.

A confirmação do registro do novo remédio vem depois de anos de testes, em que a comunidade científica já apostava na esketamina como solução de grande potencial para combater a depressão. Trata-se do primeiro tipo medicamento com este fim desenvolvido nos últimos 35 anos.

O uso do Spravato, ao menos a princípio, será estritamente controlado. Pacientes que recorrerem ao remédio terão duas sessões semanais no primeiro mês de treinamento e, depois, uma aplicação semanal ou quinzenal, a depender dos resultados obtidos e das sessões cobertas pelos planos de saúde.

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Há grande expectativa de que o novo produto ajude a tratar uma das doenças mais recorrentes em todo o mundo. São mais de 320 milhões de pessoas que sofrem com o problema no planeta, afirma a Organização Mundial da Saúde, e houve um crescimento na casa dos 18% na última década.

Também de acordo com a OMS, a depressão é responsável por cerca de 38% das licenças motivadas por transtornos mentais e comportamentais.

Efeitos

Princípio ativo do remédio da Johnson & Johnson aprovado pela Food & Drug Administration (FDA), a esketamina é um enantiômero da ketamina. Ou seja, uma molécula “espelhada” desta outra. Embora contenha os mesmos elementos químicos da ketamina, a nova droga pode ter efeitos fisiológicos diferentes.

Mais conhecida do grande público, a ketamina é utilizada normalmente como anestésico para animais de grande porte, como cavalos. Mas também se popularizou como uma droga usada por jovens em festas, em função de seus efeitos alucinógenos e dissociativos.

Uso será controlado

A esketamina tem efeitos semelhantes, segundo os estudiosos envolvidos na aprovação do Spravato – e também por isso o uso será controlado. Mas os testes registrados mostraram que ela pode ser consumida de forma segura e representar “uma grande mudança” no combate à depressão, segundo Steven Meisel, diretor de segurança de medicamentos da Fairview Health Services.

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O potencial antidepressivo da ketamina e da sua “gêmea” quase idêntica é explorado há alguns anos. A substância atua em uma parte diferente do cérebro em relação a outros antidepressivos normalmente usados, que têm basicamente a função de refazer os caminhos para a transmissão da serotonina (um hormônio regulador de humor).

Testes

O uso, entretanto, não vem sem efeitos colaterais: nos testes da Johnson & Johnson, mais de um terço dos pacientes relatou a sensação dissociativa de “estar fora do corpo”, diz o Business Insider. Uma proporção semelhante também disse ter sentido tontura e náuseas.

Para entender melhor esses efeitos, a FDA determinou que, nas primeiras aplicações, o paciente esteja acompanhado de um profissional da saúde que o monitore pelas horas seguintes. Somente algumas clínicas certificadas terão a permissão de aplicar o tratamento.

Espera-se que, em breve, outros laboratórios farmacêuticos, como Allergan e Sage, consigam aprovações para medicamentos semelhantes da Johnson & Johnson.


Com informações: Época Negócios

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