Museu do Mamulengo: preservação da manifestação popular nordestina

Nos movimentos dos brincantes eles ganham voz. Parados até parecem ter vida própria. As roupas de chita e os traços expressivos completam o visual dos senhores e senhoras do riso, fabricados por artistas como Tonho, Zé Lopes, Boca Rica, Saúba, Zé Divina, Mestre Salustiano e de outros que aprenderam o ofício de divertir, do século dezenove até os tempos mais atuais.

No Museu do Mamulengo uma boa parte desses fantoches da cultura nordestina está reunida. Mais de 1.200 peças compõe o acervo do espaço localizado no bairro do Varadouro, em Olinda, no estado de Pernambuco. O ambiente existe desde dezembro de 1994, mas mudou de sede em 2006.

Foto: Marina Barbosa | G1

O espaço é considerado o primeiro museu destinado a mamulengos da América Latina. O teatro de bonecos foi criado na época da colonização portuguesa e se tornou uma das principais manifestações populares brasileiras. Com o intuito de preservar a cultura e as obras dos mestres mamulengueiros, um grupo de artistas decidiu adquirir as peças desses artistas.

Nas salas do prédio, os mamulengos do acervo são revezados nas exposições. O pequeno espaço só abriga 400 deles por vez. Os ambientes sãos divididos em alas temáticas. Na ‘Costumes’ estão os bonecos que retratam o São João e as manifestações culturais nordestinas. Na ‘Folclórica’, figuras do imaginário popular como o Bumba Meu Boi e outros símbolos regionais estão presentes.

Foto: Reprodução

Em ‘Mestres’ é possível encontrar peças século XIX, das quais muitas já passaram por restaurações. Em ‘Encantados’, é o mundo sobrenatural sobre um fundo vermelho que se reúnem vampiros, diabos e até representações da morte.

Para a professora Isabel Concessa, do Departamento de Teoria da Arte e Expressão Artística da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), os espetáculos encenados com os mamulengos evocam a alma do povo. “Esta é uma arte feita pelo povo e para o povo. É por isso que existe um conjunto de temas e personagens tradicionais relacionados às classes menos favorecidas”, explicou.

Doação das peças do Mestre Solón de Carpina. Foto: Reprodução

O museu também recebe doações. Cada peça que chega é catalogada antes de ir para a exibição. Recentemente, o espaço recebeu obras do Mestre Solón de Carpina, cedidas pela família. “Cresci vendo a criação do meu pai e várias vezes eu até ajudei costurando as peças. Fico feliz de ver a arte dele sendo bem zelada. Ter suas obras expostas sempre foi um sonho dele e nosso”, contou a filha Marli Sarandão.

O mestre Tonho é dos que defendem a preservação da arte e da cultura do mamulengo. “É uma ferramenta importante para manter vivo o malumengo, uma arte linda que não pode acabar. É um espaço sagrado que faz as pessoas      entrarem em contato com esse universo tão rico e poético”, afirmou.

Museu do Mamulengo

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Serviço

Museu do Mamulengo – Espaço Tiridá

Endereço: Rua de São Bento, 344 – Varadouro – Olinda (PE)

Visitas: De segunda a sexta-feira das 9h às 17h

Entrada: R$ 4,00 (inteira) R$ 2,00 (meia)


Com informações: Museu do Mamulengo / G1 / Ascom-Olinda

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.