Pão mais antigo do mundo: receita de 14 mil anos revelada por arqueólogos

Arqueólogos revelaram a receita do pão mais antigo do mundo, com mais de 14 mil anos.

O formato para assar seria parecido com o de um pão achatado e o gosto parecido com o do pão multigrãos dos dias atuais.

De acordo com as informações, nossos antepassados podem ter usado esse pão para enrolar a carne ao assá-la. Assim, ele também pode ter sido o sanduíche mais antigo.

O professor Dorian Fuller, da UCL (University College London), afirma: “Esta é a primeira evidência que temos do que poderíamos chamar de cozinha, com um produto misto de alimentos”.

O especialista diz ainda: “Eles têm pães ázimos (sem fermento) e têm gazela assada e assim por diante, e isso era algo que estavam usando para fazer uma refeição.”

Ali Shakaiteer e a pesquisadora Amaia Arranz-Otaegui recolhem amostras de cereais na área onde a descoberta foi feita. Foto: Joe Roer | Reprodução

O pão tem sido parte da nossa dieta básica, mas pouco se sabe sobre as origens da panificação. Até agora, a mais antiga evidência de pão datava de 9 mil anos, da Turquia.

Mas arqueólogos acabam de descobrir evidências de panificação feita há 14 mil anos em um sítio arqueológico no deserto negro da Jordânia.

Segundo relato publicado na revista cientítica PNAS, os cientistas descobriram dois edifícios, cada um contendo uma grande lareira de pedra circular dentro da qual foram encontradas migalhas de pão carbonizadas.

Otaegui tentra reproduzir a receita transformando raízes de plantas em farinha. Alexis Pantos | Reprodução

As amostras de pão analisadas com microscópio apresentavam sinais de moagem, peneiramento e amassamento.

A doutora Amaia Arranz-Otaegui, da Universidade de Copenhague, que descobriu os restos do pão, disse que isso era a última coisa que esperavam encontrar no local.

“O pão é um elo poderoso entre nossas culturas alimentares passadas e presentes”, diz ela. “Isso nos conecta com nossos ancestrais pré-históricos.”

O alimento teria sido feito em vários estágios, incluindo “moer cereais e tubérculos para obter farinha fina, misturar farinha com água para produzir massa e assar a massa nas cinzas quentes de uma lareira ou em uma pedra quente.”

Receita do pão jordaniano 
As raízes de algumas plantas eram trituradas para fazer a massa do pão. Foto: Alexis Pantos | Reprodução

O preparo começa com farinha de trigo e de cevada selvagem. Em seguida, acrescenta-se as raízes de plantas selvagens que crescem na água.

Aos ingredientes, mistura-se com água para virar uma massa, que depois é assada em pedras quentes ao redor do fogo.

Celebração

As pessoas que viviam há 14 mil anos na área da Jordânia onde os restos de pão foram achados eram caçadores. Eles caçavam gazelas e animais menores, como lebres e aves. E também buscavam alimentos vegetais, como nozes, frutas e cereais silvestres.

Os pesquisadores acham que o pão foi feito quando as pessoas se reuniam para algum tipo de celebração. Isso aconteceu antes do advento da agricultura, quando as pessoas começaram a cultivar cereais e a criar animais para se alimentar.

A espécie de lareira onde os restos do pão foram achados em um sítio arqueológico chamado Shubayqa.  Alexis Pantos | Reprodução

Isso levanta a intrigante possibilidade de que o cultivo de cereais para pão possa ter sido a força-motriz por trás da agricultura.

“O significado deste pão é que ele mostra investimento de esforço extra para produzir alimentos que tenham ingredientes misturados. E fazem uma espécie de receita”, diz Fuller. “Isso implica que o pão desempenhou um papel especial para ocasiões especiais. E isso, por sua vez, sugere uma das possíveis motivações para, mais tarde, as pessoas escolherem cultivar e domesticar o trigo e a cevada, porque eles já eram espécies que tinham um lugar especial em termos de alimentos especiais.”

O pão era sem fermento e teria se assemelhado a um envoltório, a uma espécie de pão pita ou chapati (indiano).

As migalhas do pão encontrado foram analisadas com microscópio. Foto: Amaia Arranz Otagui | Reprodução

Pesquisadores tentaram reconstruir a receita no laboratório. Eles dizem que os grãos misturados deram ao pão um sabor de nozes, muito parecido com os pães multigrãos de hoje.

Lara Gonzalez Carretero, especialista em pão pré-histórico do Instituto de Arqueologia da UCL, examinou as 24 migalhas sob um microscópio eletrônico.

“Isso seria um pão feito de trigo selvagem e farinha de cevada selvagem, misturado com água e cozido em uma lareira”, diz. “Há também a adição de farinha de tubérculo selvagem, o que lhe confere um gosto levemente amargo e com sabor de nozes ou castanhas.”


Com informações: BBC News Brasil

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