Respirador mecânico é adaptado para atender até quatro pacientes ao mesmo tempo em Canoas

 

Equipamento foi desenvolvido por um médico e dois fisioterapeutas. Inspirado em estudo da Universidade de Michigan, a medida foi pensada prevendo internações causadas pelo coronavírus.

O médico Emmanuel Rath Bonazina e os fisioterapeutas Marcio Ramos Laguna e Andre Hoerbe Bacchin se uniram para criar uma solução que ampliasse a capacidade de atendimento em Unidades de Terapia Intensiva (UTI): uma adaptação nos respiradores capaz de atender até quatro pacientes com um único aparelho.

De olho em como outros países estão lidando com a pandemia, os profissionais perceberam que a falta de respiradores é um dos problemas na hora de enfrentar o coronavírus. Envolvidos com a questão, os profissionais do Hospital Nossa Senhora das Graças, de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, encontraram em um estudo da Universidade de Michigan, dos Estados Unidos, a solução.

O estudo, publicado em 2006, foi desenvolvido tendo como experiência acontecimentos como a tragédia de 11 de setembro e quando parte da Costa do Golfo dos Estados Unidos foi destruída por furacões. Portanto, em momentos onde houve uma alta no número de necessidade hospitalares.

Publicado por Greg Neyman e Charlene Babcock Irvin, o estudo fala sobre a adaptação do respirador mecânico que passaria a suportar pelo menos dois pacientes, podendo chegar a quatro em casos de extrema necessidade, e não só um como é de costume. “Porque não tentar? Brasileiro sempre dá um jeitinho”, brinca Emmanuel.

Foto: Reprodução

O respirador mecânico é usado quando a pessoa perde a capacidade de respirar sozinha, ou seja, quando o cérebro não manda mais esse comando para o corpo. Então, o aparelho funciona como um pulmão artificial, respirando e fazendo as trocas gasosas pelo paciente.

Um dos sintomas da Covid-19 é a dificuldade respiratória.

“A gente fez isso com intuito de ajudar, como tem essa falta de respiradores, a gente já está imaginando nosso inverno aqui no Rio Grande do Sul. Sempre aumenta muito a demanda, e mais toda essa situação do coronavírus, a gente teve que começar a correr atrás e ver o que dava pra fazer”, explica.

Em situações extremas, a adaptação feita Emmanuel, Marcio e Andre poderia quadruplicar a capacidade de atendimento dos respiradores.

“O que a gente fez? Nas válvulas que envolvem a inspiração, a gente puxou as mangueiras que são conhecidas como traqueias e colocamos um Y na ponta dessas saídas – na inspiração e na expiração. E nesse Y, a gente puxou mais duas mangueiras para que a gente possa fazer mais um Y, e poder, assim, ventilar dois pacientes, para que eles possam respirar simultaneamente”, explica Emmanuel.

Emmanuel Rath Bonazina, Marcio Ramos Laguna e Andre Hoerbe Bacchin ao lado do respirador adaptado | Foto: Equipe de Fisioterapia/Arquivo Pessoal

A adaptação, até o momento, não foi colocada em utilização pela equipe.

O médico ainda esclarece que se trata de uma medida provisória, pois o ideal é que cada paciente tenha o seu próprio respirador.

“É uma medida perto de ser extremista, você tem que achar dois pacientes que tenham a respiração mais ou menos parecida ou parecido padrão respiratório, para que os parâmetros do respirador fiquem regulados como se fossem pra um só. Então, a respiração tem que ser muito parecidas ou igual”, esclarece.

Usar a adaptação em quatro pacientes é ainda mais radical, seria como a situação que passa a Itália, de acordo com Emmanuel.

“Creio que não chegaremos nesse ponto”, estima.


Com informações: G1 RS

Edição: Josy Gomes Murta

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