Técnica permite cultivar jardim urbano sem irrigação

Um experimento que está sendo realizado em Sharjah, cidade dos Emirados Árabes Unidos, pode servir de inspiração: adaptar técnicas e espécies às condições climáticas.

O clima em Sharjah é desértico quente e seco. A temperatura ultrapassa facilmente os 40°, a mínima não cai mais de 10° e as chuvas são raridade. Em tais condições, como árvores podem sobreviver? A resposta está no próprio deserto. Ao lado de uma escola desativada da cidade, um projeto experimental plantou espécies típicas do deserto. Os cultivos são cercados por bacias de areia de diferentes formas e tamanhos, construídas com solo local e entulhos da escola.

Técnica

Cada bacia forma um microclima perfeito, que otimiza a umidade do ar e a umidade extraída do lençol freático. É uma técnica antiga que garante a não necessidade de irrigação, segundo os idealizadores do projeto – o escritório de arquitetura Cooking Sections, com sede em Londres, e a empresa de engenharia AKT II, também inglesa.

“Ao usar montes de terra ou construções de pedra seca, essas tipologias controlam as variações de vento, umidade e calor para reduzir o estresse hídrico das plantações ou fazer a água condensar naturalmente, afirmaram os co-fundadores da Cooking Sections, Daniel Fernández Pascual e Alon Schwabe, à Dezeen.

Experimento em Sharjah

Batizada de Becoming Xerophile, a instalação usa plantas xerófilas, ou seja, adaptadas aos ambientes muito secos. Para a dupla de arquitetos, o projeto explora maneiras de apreciar as paisagens desérticas, uma vez que consideram as representações ocidentais de tais regiões muito estereotipadas. Geralmente, segundo a descrição do projeto, elas são retratadas como “paisagens mortas ou vazias” e a ideia foi justamente usá-las para trazer vida para a cidade desenvolvendo um novo modelo de jardim ornamental, urbano e sem água.

O modelo foi construído ao lado da Escola Al-Qasimiyah, que serviu como sede principal da primeira edição da Trienal de Arquitetura de Sharjah realizado entre novembro de 2019 a fevereiro de 2020.

Os nove microambientes criados estão equipados com sensores que medem chuva, radiação solar, velocidade e direção do vento, temperatura do ar, umidade relativa, umidade do solo e umidade das folhas. Cada um será monitorado até a próxima trienal em 2022 e o que apresentar melhor desempenho poderá ser replicado em outros locais. “Embora nem todos os experimentos levem a resultados perfeitos, eles sempre fornecem informações valiosas para aplicativos futuros e mais desenvolvidos”, afirmou Adiam Sertzu, do AKT II, à Dezeen.


Fotos: Cooking Sections

Com informações: CicloVivo

Edição: Josy Gomes Murta

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