Tocantins: Projeto de escola na zona rural  é eleito o melhor do mundo

A escola é localizada na fazenda Canuanã, na zona rural de Formoso do Araguaía, a 327 km de Palmas. O Projeto arquitetônico recebeu o prêmio de Melhor Edifício de Arquitetura Educacional do mundo, da premiação Building Of The Year 2018.

A instituição é mantida pela Fundação Bradesco, e atende cerca de 800 alunos, alguns moram lá. Os arquitetos responsáveis pelo projeto são Adriana Benguela, Gustavo Utrabo. A equipe é composta por Pedro Duschenes e Marcelo Rosenbaum.

De acordo com as informações, no projeto foi feito um resgate cultural, com incentivo a técnicas de construção local, valorizando a beleza indígena e introduzindo noções de pertencimento, necessária para o desenvolvimento das crianças que são internas na escola.

Espaços de convívio como pátios. Foto: Leonardo Finotti | Divulgação | Reprodução

O objetivo era tornar o espaço em um ambiente com valor de lar. Por isso, a escola foi organizada em duas vilas: uma masculina e outra feminina. Os dormitórios foram transformados em 45 unidades para seis alunos cada. A ideia de redução de alunos por quarto, era melhorar a qualidade de vida das crianças, mantendo a individualidade.

Na escola também há espaços de convívio como sala de TV, espaço para leitura, varandas, pátios e redários. Além de abrigar maior número de crianças, o objetivo das vilas é aumentar a autoestima das crianças.

Alunos dos 7 aos 17 anos. Deste total 780 passam as 24 horas do dia dos sete dias da semana na escola. Eles estudam, brincam, fazem as refeições e dormem. Mesmo assim, os estudantes tinham dificuldade de chamar esse espaço de casa.

Um novo modelo de moradia

Dormitórios foram transformados em 45 unidades para seis alunos cada. Foto: Leonardo Finotti | Divulgação | Reprodução

A escola da Fazenda Canuanã foi inaugurada há 44 anos, e atua em regime de internato para acolher estudantes de localidades ainda mais afastadas.

Os professores e a direção da escola sentiam a necessidade de proporcionar um ambiente com mais individualidade e privacidade para as crianças, já que eles se dividiam em quartos com 20 beliches e 40 estudantes.

Para pensar um novo modelo de moradia, a fundação convidou o Instituto a Gente Transforma, do designer Marcelo Rosenbaum. “Nossa responsabilidade nesse projeto era fazer com que essas crianças não tivessem mais a sensação de que dormiam na escola. Tudo o que fizemos foi pensado para garantir a essas crianças a sua intimidade e privacidade”, disse o designer. 

Objetivo do projeto: transformar o espaço em um ambiente com valor de lar. Foto: Leonardo Finotti | Divulgação | Divulgação

O projeto começou ouvindo as crianças para entender o que elas entendiam como necessário para transformar o dormitório em uma morada. “O que mais me tocou foi o consenso harmonioso entre eles. Os pedidos eram simples, o que eles mais pediam era que o prédio fosse mais fresco”, conta o designer. A região em que a escola está fica na faixa de transição entre o Cerrado, o Pantanal e a Floresta Amazônica, as temperaturas na região podem chegar a 38 ºC no verão. 

Rosenbaum e os arquitetos do escritório Aleph Zero, além de ouvir os alunos também visitaram as casas das famílias para mapear elementos com potencial de gerar identificação e para solucionar os desafios impostos pelo clima da região. “Visitamos populações ribeirinhas, caboclas e indígenas para fazer esse levantamento visual e cultural. A gente viu e explicamos a eles que a tecnologia existente no local, usada pelos pais e avôs deles, tem um ótimo desempenho e deve ser valorizada”, diz o arquiteto Pedro Duschenes. 

Depoimento

Bruno Santos, de 18 anos, saiu da casa dos pais aos sete anos para estudar no 2º ano do ensino fundamental na escola. “Sou o caçula de sete irmãos, fui o menino que mais chorou na primeira semana de aula de tanta saudade da minha mãe”, recorda.

O estudante já não quer mais deixar a escola, onde nesse ano cursa o ensino técnico em agropecuária. “Tenho aqui tudo o que meu pai não poderia me dar, sempre foi a minha casa, mas melhorou muito no último ano. Antes eu só podia dormir quando apagavam a luz. Hoje, em dia, os meninos que moram no meu quarto são a minha família, a gente se respeita para cada um dormir e estudar na hora que quiser”.


Com informações: G1-Tocantins / Estadão

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