Veruschka Guerra: criatividade sem limites na ilustração de livros

Quando Veruschka Guerra nasceu a passagem já estava comprada e o bilhete teria validade para toda a vida. Voar era só uma questão de querer. Não demorou e a menina logo embarcou no voo da imaginação. Lá de cima via as cores, personagens e lugares sob o traço de uma caneta ou de um pincel.

O tempo passou e hoje como ilustradora, viaja de avião, desses com asas e motor. Agora, carrega nas mãos um livro onde estão as cores, personagens e os lugares do seu imaginar. Os desenhos de sua autoria agora pertencem a fantasia de outras pessoas pelo mundo.

Natural de João Pessoa, Veruschka Guerra se especializou na ilustração de livros infantis na Itália. A artista paraibana tem seus desenhos em mais de 30 publicações, entre elas “O Sonho de Karim”, seu primeiro livro autoral com o qual foi indicada ao prêmio Jabuti em 2015.

O Conexão Boas Notícias conversou com a ilustradora sobre seu trabalho, criação e imaginação.

Desenha desde criança. Ter a ilustração como profissão foi um percurso natural ou ainda se imaginou em outras funções?

Sim, desenho desde os 3 anos de idade. Foi natural. Sempre fui apaixonada por ilustração infantil e sonhava poder trabalhar nessa área. Fui professora de artes durante 14 anos e em 2008 recebi um convite da escritora Maria Valéria Rezende para ilustrar um livro seu, “O problema do pato”.

Depois disso o sonho aumentou e enviei um portfólio para todas as editoras com as quais eu queria trabalhar. Uma me respondeu e a porta se abriu. Desde então trabalho exclusivamente com ilustrações.

E respondendo se queria ter outro trabalho (risos) lembro que bem pequena queria ser aeromoça para poder viajar o mundo todo! Mas esse intuito estou realizando por conta dos lançamentos dos livros e estudos.

O gosto pela literatura veio do pai que a presenteava com livros e da mãe que lia para Veruschka e seus irmãos. Foto: Divulgação

Ao longo da sua vida, antes de se tornar ilustradora, as suas leituras dos livros já te faziam imaginar as imagens que eles poderiam conter ou ir além das que já estavam neles?

Sim, acho que com todas as pessoas é assim. Os livros abrem a imaginação e com isso nos fazem seres mais criativos.

Como é esse diálogo entre a linguagem visual e a textual?

É algo simples quando não se impõem limites a criatividade. O ilustrador pode seguir exatamente as descrições do texto ou dizer algo mais com sua imagem.

Por exemplo, no livro “A princesa, o pássaro e a sabedoria”, da Editora Paulus, aos personagens foram agregados detalhes nas estampas das roupas que são símbolos da região de Gana, na África, que não constavam no texto. Isso para mim aprofunda a visão de cada personagem.

Cena do livro “O Sonho de Karim”. Foto: Divulgação

Você também fez o movimento inverso ao criar uma história que nasceu da imagem, “O Sonho de Karim”. O ser autora da obra é uma forma de ter mais liberdade?

Há sim mais liberdade de criação a história de base sendo minha, mas me sinto livre também quando o texto vem de outro autor pois o que acaba contando é criar algo para as crianças. Isso me realiza.

No seu trabalho as cores têm papel fundamental, mas você já lançou um livro onde essas cores ficam por conta do público. Essa experiência traz alguma reflexão para a sua prática?

Os livros de colorir vieram como uma onda muito positiva no mundo. Acho que para suavizar tantas tensões que estão explodindo hoje. Quando tenho um propósito claro para fazer um trabalho, ele se torna uma vivência importante.

No caso do “Jardim da Senhora do Céu” e “Jesus, mensagens do filho de Deus”, eles foram pensados como livro de orações primeiramente. Para trazer uma serenidade.

E o retorno das pessoas foi e está ainda sendo incrível. Os livros sendo usados em hospitais com pessoas em recuperação, também por pessoas que estão em depressão, por crianças nos catecismos… Tudo isso enche meu coração de alegria.

“Desenhar sempre foi como respirar ou falar para mim”, diz a ilustradora. Foto: Editora Santuário | Divulgação

Suas ilustrações estão em livros publicados em outros países além do Brasil. O que representa ter essa possibilidade do seu trabalho ser visto por jovens e crianças de culturas diferentes pelo mundo?

Isso é mágico e apaixonante! Me mostra que não há limites para um sonho que quer se realizar (risos) e só estava esperando pelos meus passos.

Fragmentos de ilustrações de Veruschka Guerra

Da obra “A árvore dos meus dois quintais”, de Jonas Ribeiro. Foto: Divulgação
Do livro “As mil e uma noites”. Foto: Divulgação
Do livro “A história de amor de Pitá e Moroti”, de Marco Haurélio. Foto: Divulgação
Da obra “O dia que minha avó envelheceu”, de Lucia Fidalgo. Foto: Divulgação
“O Sonho de Karim”, livro e ilustrações de Veruschka Guerra. Foto: Divulgação
Capa de “Os Contos de Grimm”, de Jakob e Wilhelm Grimm, 2014. Foto: Divulgação

Contatos

Site: https://www.veruschkaguerra.com

Facebook: https://www.facebook.com/Veruschka-Guerra-Ilustração-151302685078047

Instagram: https://www.instagram.com/veruschkaguerra/


Por Marcella Machado, da redação do Conexão Boas Notícias 

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