Vida longa: artista paraibano Alexandre Filho completa 90 anos

Alexandre filho foi um dos percursores do estilo naif no Brasil

Nove décadas de vida. Chegar aos 90 anos não é para qualquer um, não é mesmo? Agora imagine viver todos estes anos de forma intensa, com muitas dificuldades, lutas e superações, e ficar conhecido como um dos maiores pintores Naif do mundo!

Infância e juventude

Manuel Alexandre Filho nasceu em Bananeiras, na Paraíba, no ano de 1932. Nesta segunda-feira, 11 de julho ele completa 90 anos de vida. Uma vida cheia de desafios e muita arte envolvida!

Ele nem conseguiu concluir o ensino primário, mas desenha desde criança. Trabalhou na lavoura junto a seu pai até os 17 anos. Exerceu várias profissões. Foi servente de pedreiro, caixeiro e operário. 

Sucesso internacional

No ano de 1964 mudou-se para o Rio de Janeiro, quando começou a pintar autodidaticamente. Em 1966 participou do XV Salão Nacional de Arte Moderna, do Rio de Janeiro, e a partir daí seus quadros passaram a ser difundidos e colecionados em todo o mundo. Alcançando sucesso internacional, expos em grandes cidades como Madri, Paris e Lisboa.

Em 1968 participou do Festival de Arte Negra, na Nigéria. Expôs também em Houston e Montevidéu. Anatole Jakovsky o inclui em seu livro Peintres Naifs em 1972 e Flávio de Aquino em Aspectos da Pintura Primitiva Brasileira em 1977.

Nesse mesmo ano passa a figurar no Dicionário de Arte Brasileira de Roberto Pontual e no livro Provérbio de Pintores Naif de Max Furny. Por volta de 1975 volta a Paraíba, residindo atualmente na capital – João Pessoa.

Obra foi inovadora

Sua obra foi inovadora para seu tempo. Alexandre filho foi um dos percursores do estilo naif no Brasil, o primeiro a pintar dessa maneira e em pouco tempo foram surgindo outros artistas com o trabalho parecido com o seu.

A cidade interiorana é um elemento que se transcende em suas obras, marcadas por elementos característicos do campo de onde veio, com muitos animais, plantas e os famosos cajus, típicos da região.

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Há saúde na sua arte, existe um clima, um ar, sua atmosfera leve é oxigenada e cheia de luz. Luz nas trevas, porque não?
-Flávio Tavares. Artista plástico e membro da Academia Paraibana de Letras

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O nome e a biografia de Alexandre Filho são citados em 21 livros que versam sobre as artes plásticas no Brasil e no mundo, a exemplo do Dicionário de Artes Plástica do Brasil– Roberto Pontual (Ed. Civilização Brasileira), Aspectos da Pintura Primitiva Brasileira, de Flávio de Aquino e Geraldo de Andrade (Ed. Spalla – RJ), Dicionário de Pintura Naifs do Mundo (Anatole Jakvsk – Suíça), Mito e Magia das Cores – Pintura Neo Primitiva (Napoli/Itália), Dicionário de Artes Plásticas do Brasil (José Roberto Teixeira Leite) e Superstock Fine Art Catalog– da Flórida, Estados Unidos – catálogo com grandes artistas mundiais, como Leonardo da Vinci e Boticelli. Alexandre Filho é o único representante brasileiro citado no livro com sua obra intitulada “Lucifer”.

Exposições Individuais

1968 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria Domus

1970 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria Meia Pataca

1971 – s.l. – Individual, na Galeria do Banco Andrade Arnaud

1977 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria Eucatexpo

1982 – João Pessoa PB – Individual, na Galeria Gamela

2001 – Campina Grande PB – Individual, no Casarão dos Azulejos

Exposições Coletivas

1966 – Rio de Janeiro RJ – 15° Salão Nacional de Arte Moderna

1966 – Salvador BA – 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas

1967 – Petrópolis RJ – 1° Salão Nacional de Pintura Jovem, no Hotel Quitandinha

1967 – Rio de Janeiro RJ – 16° Salão Nacional de Arte Moderna

1967 – Rio de Janeiro RJ – Coletiva, no Copacabana Palace Hotel

1968 – Rio de Janeiro RJ – 17° Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ

1968 – Houston (Estados Unidos) – Coletiva, na Courtney Gallery

1968 – Paris (França) – Coletiva, na Galeria de Brel

1968 – Rio de Janeiro RJ – Coletiva, na Galeria Domus

1968 – Madri (Espanha) – Coletiva, na Galeria Quijote

1968 – Londres (Inglaterra) – Coletiva, na Manhein Gallery

1968 – Nova York (Estados Unidos) – Coletiva, no Consulado Geral Brasileiro

1968 – Rio de Janeiro RJ – Coletiva, no MIS/RJ

1968 – Nigéria – Festival de Arte Negra

1968 – Lisboa (Portugal) – Lirismo Brasileiro

1970 – Ile de France (França) – Coletiva, no Musée D’Art Naif

1975 – São Paulo SP – Festa de Cores, no Masp

1976 – Montevidéu (Uruguai) – Encontro Uruguaio-Brasileiro de Arte Naif

1977 – Rio de Janeiro RJ – 1° Encontro Carioca de Pintura Ingênua – Prêmio Funarte

1977 – Belo Horizonte MG – 9° Salão Nacional de Arte Contemporânea de Belo Horizonte, no MAP – Prêmio Prefeitura de Belo Horizonte

1978 – Rio de Janeiro RJ – Coletiva, na Galeria Jean Jacques

1980 – João Pessoa PB – Coletiva, na Galeria Gamela

1980 – Cidade do México (México) – Pintores Populares y 3 Grabadores de Brasil, no Instituto Nacional de Bellas Artes

1981 – João Pessoa PB – Coletiva, na Galeria Gamela

1982 – Rio de Janeiro RJ – Coletiva de Natal

1982 – Rio de Janeiro RJ – Coletiva, na Galeria Jean Jacques

1986 – Campinas SP – O Artista, Sua Obra e Seu Auto-Retrato, no MACC

1988 – João Pessoa PB – 1ª Arte Atual Paraibana, no Espaço Cultural de João Pessoa

1988 – Rio de Janeiro RJ – O Mundo Fascinante dos Pintores Naïfs, no Paço Imperial

1990 – João Pessoa PB – 2ª Arte Atual Paraibana, no Fundação Espaço Cultural da Paraíba

1990 – João Pessoa PB – Naifs Paraibanos, na Galeria Gamela

2002 – São Paulo SP – Pop Brasil: a arte popular e o popular na arte, no Centro Cultural Banco do Brasil

Alexandre é um mestre, um mestre da terra, do planeta terra. Ele sobrevive aos tempos, a sua arte é limpa, cristalina, é um antídoto para o veneno de nossa época. Faz bem ver, tem vida e sua pureza espanta. Há saúde na sua arte, existe um clima, um ar, sua atmosfera leve é oxigenada e cheia de luz. Luz nas trevas, porque não? Que poeira venenosa é essa que acinzenta a nossa visão? Sopra um bom vento, um bom tempo liberta nossa visão e imaginação. Os nossos sentimentos são alimentados o nosso olho verdadeiro volta a ver, a sentir uma luz, uma luz da manhã. O sol nascente é sua luz. Krisma. Místico. (Flávio Tavares. Artista plástico e membro da Academia Paraibana de Letras).

O artista paraibano Alexandre Filho é considerado um dos maiores pintores Naif do mundo. Foto: Reprodução

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“Alexandre Filho, pintor espontâneo que veste de cores solares sua memória ancestral e seu chão de origem; e, através dela, tanto representa a saga agropastoril nordestina, como a aventura ecológica do homem universal de todos os tempos.”
– Homero Homem/Escritor e jornalista

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Alexandre Filho vê o mundo com as mesmas cores infantojuvenis de um arco-íris geográfico chamado Guarabira, Paraíba; ou Quênia, África; ou Dallas, EUA; ou Mesopotâmia, ou ainda e simplesmente o homem, antes e durante o paraíso, e depois do dilúvio universal. (Homero Homem/Escritor e jornalista)

O artista paraibano Alexandre Filho é considerado um dos maiores pintores Naif do mundo. Foto: Reprodução

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“A arte de Alexandre Filho abre nosso olhar para visões de um paraíso terrestre. Entre anjos, pássaros coloridos, árvores, flores e frutos as feras convivem serenas com Adões e Evas barrocos, infantis e imaculados. Sua pintura é encantada, plena de signos de felicidade como são as faianças e azulejos sírios, persas e caucasianos em que a atmosfera edênica é a imagem de um mundo de paz, conforto e abundância.”
– Raul Córdula (ABCA/AICA)

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Alexandre é um artista verdadeiro, criou uma linguagem própria, um alfabeto visual original composto de acordes cromáticos riquíssimos, estrutura simbólica universal e técnica inconfundível. Quando falamos de patrimônio cultural, costumamos nos referir a obras de arte, móveis, utensílios e edifícios de pedra e cal, mas sempre esquecemos de acrescentar o único e importante patrimônio que é o Homem. É este o patrimônio que mais importa: o artista vivo, dono de sua linguagem, senhor de sua arte como é. (Raul Córdula – ABCA/AICA)

O que é Arte Naif?

O artista paraibano Alexandre Filho é considerado um dos maiores pintores Naif do mundo. Foto: Reprodução

O termo “naif” (ingênuo ou inocente, em francês) era frequentemente usado para classificar artistas e obras de arte como ingênuos, devido aos processos autodidatas ou espontâneos, que não seguem as regras tradicionais de representação de imagens, além de também não estarem inseridos em ambientes acadêmicos e oficiais da arte.

O termo foi empregado pela primeira vez como uma crítica negativa direcionada à produção do francês Henri Rousseau (1844 – 1910), artista autodidata que iniciou a sua produção aos 40 anos e foi extremamente reprovado devido à sua falta de adequação às tradições artísticas. 

Artista naif brasileiro

Através de técnicas únicas, o artista naif brasileiro pinta a cultura que os circunda, sem preocupações formais perante a prática da pintura. O foco temático em floras, faunas e festas populares reforça a importância dos elementos culturais que constituem a relação do artista com o mundo.

No Brasil, o movimento ganha força em meados dos anos 50. Apesar de não ter recebido o reconhecimento merecido na época, já que os salões de arte não valorizavam as obras de pessoas que se situavam fora do circuito tradicional de arte, atualmente temos a Galeria Jacques Ardies (São Paulo-SP) e o evento BÏNaif (Bienal Internacional de Arte Naïf) que se dedicam exclusivamente ao movimento Naif.


Site: http://alexandrefilhoartenaif.blogspot.com.br/


Com informações: Mais PB / Enciclopédia Itaú Cultural / Dicionário de Artes da Paraíba /  Artnaif blog spot / Escritório De Arte.com / Arte | Ref 

Edição: Josy Gomes Murta

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