Economia Criativa: identidades do regionalismo, que engrandecem a imagem de um território

Por Regina Medeiros Amorim

Falar de cultura é compreender a economia criativa que está dentro de cada um de nós, pelos nossos valores, nosso sentimento de pertencer e manter a tradição, como um elo que liga as gerações passadas, presentes e futuras.

Cultura é o modo como as pessoas habitam e se comportam em um mesmo território. Uma das definições de cultura mais aceita pelos estudiosos é do antropólogo britânico, Edward Tylor, em 1871: “Um conjunto complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem, como membro da sociedade”.

A cultura traz um legado ancestral que é repassado através da história de vida de cada um, seja através do aprendizado social, das manifestações culturais e dos processos culturais, que se desdobram em cultura material e cultura imaterial.

A dimensão antropológica da cultura material está relacionada ao imaginário, ao simbólico e ao conhecimento. Já a cultura imaterial corresponde a dimensão de valores da comunidade. O desafio para que a cultura se perpetue e se renove no século XXI é fazer com que a sua dimensão antropológica seja aceita por sua dimensão sociológica, que compreende a diversidade de demandas profissionais, institucionais, políticas e econômicas, tendo, portanto, visibilidade em si própria.

Enquanto há memória

Uma consciência tem vida enquanto há memória. Por isso, para muitas pessoas, preservar pode vir a ser considerado o prazer de desfrutar, enquanto para outros, preservar pode ser um peso provocado pela carência sociocultural.

O mundo globalizado tende a anular o sentimento de pertença e as identidades do regionalismo, que engrandecem a imagem de um território. Por isso é tão importante conhecer a cultura, que nasce do autoconhecimento, da descoberta de si e dos antepassados.

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“O que dá dignidade a uma pessoa é a segurança de pertencer a alguma genealogia – tanto biológica quanto cultural. O homem solto no universo, sem história, sem tradição, sem origem cultural, é um homem desterrado”.

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Para a antropóloga Fátima Quintas “o que dá dignidade a uma pessoa é a segurança de pertencer a alguma genealogia – tanto biológica quanto cultural. O homem solto no universo, sem história, sem tradição, sem origem cultural, é um homem desterrado”.

Sendo hoje o último dia do mês de junho (dia que escrevi este texto), confesso que fiquei bem reflexiva com as festas juninas, sendo cada vez mais, destruídas pela globalização. A identidade cultural, a singularidade e a tradição das cidades estão fragilizadas, a pouca apropriação de jovens pela cultura viva do lugar e a baixa autoestima generalizada são fatores que comprometem as festas juninas, somadas a ausência de políticas públicas para a economia da cultura.

Emoções festivas, encontros e reencontros

A festa junina tem o poder de unir pessoas, em uma grande confraternização com encontros e reencontros. O vestuário também é uma das mais fortes expressões de cultura. As fachadas das casas são testemunhas valiosas, que revelam vestígios expressivos do passado, como a vida, o espírito e o gosto dos primeiros moradores, em sociedade.

Quando se fala em gastronomia junina, o melhor lugar dos arraiais juninos é a cozinha das casas que recebem familiares e amigos, carregadas de sentimento afetivo que têm o poder de delinear a cultura, de um território, com sua identidade étnica. Na cozinha dos arraiais juninos, ainda se vive uma experiência de sabores, combinando emoções afetivas, com receitas culinárias, misturadas com o cheiro de doce de leite no tacho, para ser servido com o queijo de manteiga, o bolo de rolo, bolo de milho, bolo pé de moleque, milho cozido, canjica, pamonha, tapioca, no café junino da tarde, na calçada, ao som de um trio de forró pé-de-serra e uma seleção de clássicos da musicalidade junina, de verdade.

Cultura junina autêntica

Somando à culinária regional, nas refeições e nos petiscos dos arraiais juninos, a experiência gastronômica é bem diversificada e atende a todos os gostos, desde o caldinho de mocotó, ao caldinho de feijoada, bode guisado, galinha de capoeira, cuscuz com leite de coco, munguzá, carne de sol e tantas outras comidas que faz parte da cultura nordestina, repassadas de geração em geração.

Podemos concluir que a cultura junina autêntica está nos arraiais juninos que começa na cozinha e vai até as calçadas, recheada da cultura da criatividade, da alimentação e da cultura religiosa que são blocos culturais de características próprias e inseparáveis, que formam a rede de destinos turísticos competitivos.


Imagens: Festas juninas em Santa Luzia-PB | Arquivo Pessoal | Regina Medeiros Amorim


Regina Medeiros Amorim

Gestora de Turismo e Economia Criativa. Paraibana, sertaneja, natural de Santa Luzia. Em 1976 mudou-se para a capital paraibana. Viveu em Maceió (Al) de 1989 a 1999.  Radicada em João Pessoa desde 2000.

Trabalha no Sebrae da Paraíba. Mestre em Visão Territorial e Sustentável do Desenvolvimento, Pós-graduada em Gestão e Marketing do Turismo. 

*Dama Comendadora do Turismo – Comenda Cruz do Mérito do Turismo – Câmara Brasileira de Cultura. (Outorga de Notáveis da Região Sul em Foz de Iguaçu e demais regiões do Brasil – Foz do Iguaçu-PR, em 14/05/22).

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E-mail: reginaamorim1256@gmail.com


Edição: Josy Gomes Murta


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