Fred Svendsen: invenção e realidade na arte expressionista

O dia amanhece e às 8h o funcionário já está no seu local de trabalho. Madeira, lona, lápis, pincéis e tintas são os materiais com os quais desempenha a sua função.

Carrega no currículo os cargos da trajetória de uma vida: inventor, pintor, desenhista, designer e escultor.

“No funcionário da arte não tem nada de burocrático. É apenas você ter uma tenacidade e gostar de fazer o seu trabalho, e o fazer por necessidade de fazer”, explicou Frederico Svendsen, mais conhecido como Fred Svendsen.

O artista plástico paraibano começou a pintar ainda menino, quando morava em Santa Rita, região metropolitana de João Pessoa, mas só passou a se dedicar aos quadros quando veio morar na capital.

Uma arte como nenhuma outra já vista. “Assim que eu comecei a pintar eu observei muito o que estava sendo feito em João Pessoa e a minha intenção era exatamente fazer um trabalho que as pessoas pudessem vê-lo e não me atrelassem a nenhum outro artista que já estava trabalhando a mais tempo”, relembrou.

As suas telas dariam vida a figuras enigmáticas, estranhas e inquietantes. “Eu criei um estilo que hoje é considerado um estilo próprio, unicamente meu e que me deu um gancho de oportunidade muito bom no Brasil inteiro”, destacou. Fred Svendsen é hoje um dos mais importantes artistas figurativos do país.

No seu trabalho, a realidade, marca do Expressionismo, movimento artístico e cultural de vanguarda surgido na Alemanha no início do século XX. “Uma das características do Expressionismo é trabalhar com a realidade, expressando na forma e nas cores aquela coisa que mais nos incomoda. É uma espécie de denúncia, de política feita com o trabalho, sem que seja necessário o artista estar participando ativamente da política ou falando dela”.

Foto: Fred Svendsen/Facebook

Seus quadros à primeira vista causam estranheza aos olhares mais desavisados. “As pessoas não estão acostumadas a se depararem com uma arte forte, de denúncia, uma arte que tenha uma função social. Geralmente, o primeiro impacto que têm é muito grande. E também esse tipo de artista tem um poder imagético grande e isso causa muito espanto”, contou.

Foto: Fred Svendsen/Facebook

Uma arte de “novos e inusitados seres” como definiu o poeta e crítico de arte Ferreira Gullar (1930-2016). “Na verdade, é assim que eu penso também. Todas as vezes que eu acho que o artista produz quadros ele não só cria como também ele inventa. Então, antes de ser um pintor, ele é um inventor”, argumentou. Dessa forma, Fred Svendsen já pintou mais de 2 mil quadros sem nunca repetir o desenho de suas obras.

Entre telas e esculturas, dois processos vão além da inspiração: estudo e artesania. “É incompatível com a arte aquele artista que não estuda a sua obra, a dos outros, não tem um conhecimento da arte do seu local, de onde mora, do Brasil, do mundo. A gente passa a vida inteira aprendendo, estudando e ensinando. E o artista precisa passar isso para outras gerações e, sobretudo, ter a necessidade de estudar e continuar se reinventando”, enfatizou.

Foto: Fred Svendsen/Facebook

Para Fred Svendsen é importante para o artista participar do início ao fim da construção de sua obra. “Não acredito no artista que não sabe fazer a artesania do seu trabalho. O artista precisa ir na serraria, comprar a madeira, prepará-la, esticar a lona na sua tela e depois passar a base. Depois disso, aí, sim que o artista começa a ter o processo criativo e a fazer seu trabalho de uma forma artística”, detalhou.

Ao longo da sua trajetória, o artista plástico paraibano expôs suas obras no Brasil e pelo mundo. Ainda tem trabalhos como ilustrador de livros, jornais e revistas. “Hoje gozo do privilégio de ter um trabalho considerado único, uma assinatura. Onde as pessoas veem, identificam o meu trabalho. ‘Esse trabalho pertence a Fred Svendsen’”, afirmou.

Obras de Fred Svendsen

Foto: Fred Svendsen/Facebook
Foto: Fred Svendsen/Facebook
Foto: Fred Svendsen/Facebook
Foto: Fred Svendsen/Facebook
Foto: Fred Svendsen/Facebook
Foto: Fred Svendsen/Facebook


Por Marcella Machado, da redação do Conexão Boas Notícias

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