Grupo Ser Tão Teatro: uma década transformando pesquisa em espetáculo

A sala, a praça e o teatro são palcos. O refletor, o poste, a lua, o sol podem ser a iluminação. Em cena, talento, estudo e experimentação. Há dez anos o grupo paraibano Ser Tão Teatro transforma pesquisa em espetáculo e leva arte para diversas cidades do Brasil.

Uma trajetória iniciada em 2007 pelas mãos da diretora e pesquisadora teatral carioca Christina Streva. Na época, a professora reuniu 17 pessoas, entre alunos e professores de Artes Cênicas do Departamento de Teatro da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Na formação atual estão os atores José Hilton, Rafael Guedes, Thardelly Lima e as atrizes Cely Farias, Izadora Feitosa e Polly Barros.

Espetáculo Farsa da Boa Preguiça. Foto: Ser Tão Teatro

No Rio de Janeiro desde 2009, Christina Streva, em um reencontro com o grupo relembrou os momentos em que esteve à frente dele. “Conheci essas pessoas quando eram, na maioria, meninos e meninas de 19 e 20 anos. Hoje, são homens e mulheres, artistas autônomos e independentes. Com eles realizei meu sonho, vivi inúmeras alegrias e conquistas, e também experimentei, é claro, momentos de tristeza e de desilusão”, disse.

Destaque no Brasil, o Ser Tão Teatro converge a valorização do trabalho do ator através do estudo, a musicalidade levada ao vivo para os espetáculos e o treinamento físico e energético dos artistas. Ao longo de sua história, o grupo montou as peças Vereda da Salvação (2007), Farsa da Boa Preguiça (2010/2012), Flor de Macambira (2011) e Alegria de Náufragos (2016), em apresentações que rodaram o país e foram reconhecidas através de premiações locais e nacionais.

Isadora Feitoza e Rafael Guedes em Flor de Macambira. Foto: Ser Tão Teatro

A qualidade do trabalho levado ao palco é, antes de tudo, fruto da experimentação e entrega dos atores. Um processo rigoroso e ao mesmo tempo divertido que começa já na montagem dos espetáculos. “Para o Vereda da Salvação, o elenco ficou imerso por um mês num sítio da região, convivendo juntos numa casinhola no meio do sertão. A Farsa da Boa Preguiça que montamos juntos com o Grupo Clowns de Shakespeare, ficamos morando dois meses em Natal e um mês no Rio de Janeiro. Com a Flor de Macambira passamos 8 meses estudando o folguedo do Cavalo Marinho”, contou o ator Thardelly Lima.

Em 2016, o Ser Tão Teatro rodou o Brasil com o espetáculo Flor de Macambira através do Palco Giratório, do Sesc. Foram cerca de 10 estados visitados, com apresentações em mais de 40 cidades. Uma oportunidade que traduz o sentido da existência do coletivo paraibano.

Rafael Guedes, Cely Farias e Thardelly Lima em Alegria de Náufragos. Foto: Rafael Passos

“O nosso grupo sempre prioriza em seus projetos de circulação as cidades que não possui teatro ou qualquer outro equipamento cultural, o nosso objetivo sempre foi levar teatro aos lugares mais sedentos por arte, pessoas que nunca viram um espetáculo teatral na vida”, explicou Thardelly Lima.

Na comemoração dos 10 anos de estrada, o Ser Tão Teatro resolveu voar alto. O grupo foi convidado para participar do 12ª Festival Internacional de Artes Escenicas Bahia Teatro, na Argentina. Com o espetáculo Alegria de Náufragos se apresentaram nas cidades de Bahia Blanca, La Plata e Buenos Aires.

Cely Farias, Thardelly Lima, Juan Caputo, Rafael Guedes e José Hilton em Bahía Blanca. Foto: Ser Tão Teatro

“Foi uma experiência incrível. Nós tivemos a oportunidade de ampliar a nossa atuação, de avançar as fronteiras do país. A gente pode fazer trocas com outros grupos da América Latina, inclusive com brasileiros, e levar o teatro não só brasileiro, mas paraibano”, contou a atriz Cely Farias.

Para conseguir viajar, o grupo realizou uma campanha na internet para arrecadar dinheiro. Mas não foram só as dificuldades financeiras que o coletivo teatral teve que enfrentar. Do português, o espetáculo ganhou atos em espanhol, língua não dominada pelos integrantes. O cenário também foi adaptado. O resultado do esforço foram os aplausos.

Alegria de Náufragos. Foto: Rafael Passos

“O espetáculo tem esse caráter de experimento. Isso nos dá a liberdade de experimentar, de se desafiar, de se colocar em situação de jogo, de desequilíbrio e precariedade para que a gente possa desenvolver criativamente e proponhamos novas possibilidades”, destacou Cely Farias.

A experiência fora do país já rende novas apresentações. O grupo foi convidado para participar do Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte. O coletivo paraibano também é um dos 8 selecionados de 119 inscritos para o Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga, no Ceará. Atuações que refletem o trabalho desenvolvido durante uma trajetória de dez anos ininterruptos.


Por Marcella Machado, da redação do Conexão Boas Notícias 

One thought on “Grupo Ser Tão Teatro: uma década transformando pesquisa em espetáculo

  • 2 de julho de 2017 em 15:23
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    Evoé para esses queridos companheiros!

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