Mato Grosso do Sul: maior tatu do mundo surpreende biólogos em trilha

Durante um estudo de impacto ambiental em Ribas do Rio Pardo (MS), o biólogo Murillo Couto e a bióloga Claudenice Faxina encontraram dois tatus-canastra, espécie extremamente rara e difícil de ser avistada.

Animais de vida livre, os indivíduos aproximaram-se dos pesquisadores e “posaram” para as fotos. “Estávamos registrando as aves da região quando escutamos um animal se aproximando. Sugeri à minha colega que nos abaixássemos e ficássemos em silêncio. Os animais saíram de dentro do mato e caminharam em nossa direção”, conta.

Surpreso com a aproximação e com a possibilidade de observar os animais em plena luz do dia, o biólogo aproveitou o minuto que teve ao lado dos tatus para registrá-los em foto e vídeo.

Foto: Murillo Couto | Reprodução

“Sem dúvida esse foi um dos flagrantes mais emocionantes. Existem vários pesquisadores que trabalham para a preservação dessa espécie e a chance de encontrar esses animais é muito pequena, ainda mais porque possuem hábitos noturnos”, diz.

 “Além do registro, outra surpresa foi encontrar dois exemplares caminhando juntos, considerando que se trata de uma espécie solitária”, ressalta.

Inusitado

Segundo Arnaud Desbiez, presidente do ICAS – Instituto de Conservação de Animais Silvestres, o registro é inusitado, pois o tatu-canastra é um animal extremamente raro, mesmo que a ocorrência da espécie em Ribas do Rio Pardo (MS) seja comum.

“É difícil vê-lo por ser uma espécie estritamente noturna. A hipótese mais provável é que com as fortes chuvas a toca tenha sido inundada e eles foram obrigados a sair”, diz Arnaud, que explica o fato dos indivíduos estarem em dupla.

“A espécie é solitária, pois vive em territórios muito grandes com pouca sobreposição. Os animais só ficam aos pares no acasalamento, quando o macho passa alguns dias com a fêmea, e no período reprodutivo, quando a mãe acompanha o filhote”, diz.

Foto: Murillo Couto | Reprodução

Quanto à aproximação com os biólogos, Arnaud destaca a dificuldade dos tatus em enxergar. “Eles não enxergam nada, mas possuem um olfato muito apurado. Nesse caso, provavelmente, o vento estava batendo em direção oposta, camuflando os biólogos”, completa.

O presidente do ICAS evidencia os registros pela raridade em encontrar a espécie livre na natureza. “Considerado vulnerável, o tatu-canastra é muito ameaçado pelo desmatamento, perda de habitat, atropelamento nas rodovias, fogo e, às vezes, caça”, diz.

Tatu gigante

O tatu-canastra (Priodonte maximus), conhecido também como tatu gigante, pode chegar a medir 1,5 metro de comprimento e pesar 60 quilos, equivalente ao tamanho e peso aproximados de uma criança de 13 anos.

Capaz de construir tocas com mais de 40 centímetros de largura e 30 centímetros de altura, a espécie é considerada “engenheira do ecossistema” já que, com as escavações, é capaz de alterar o ambiente e criar novos habitats.

Foto: Reprodução

Característico do Cerrado, o tatu-canastra também pode ser encontrado em outros biomas do Brasil e da América Latina como Amazônia, Pantanal e Mata Atlântica, mas a ocorrência é muito rara.

Os jovens da espécie são potenciais presas de onças-pardas e onças-pintadas, já os adultos dificilmente são predados, pois a forte carapaça os protegem.

No cardápio do tatu-canastra constam predominantemente cupins e formigas.

Foto: Murillo Couto | Reprodução

Com informações: G1 

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