Olimpíada Internacional de Matemática terá premiação para mulheres

Maria Clara Mendes Silva, 22 anos, estudou a vida toda em escola pública, na cidade de Pirajuba (MG). Hoje é aluna do curso de Matemática da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/Rio) e faz mestrado no Instituto Brasileiro de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). A jovem foi a última competidora brasileira a representar o Brasil na Olimpíada Internacional de Matemática (IMO, na sigla em inglês), nos anos de 2011 e 2012.

Desde a 5ª série Maria Clara já disputava a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Recebeu menção honrosa na primeira competição, medalhas de bronze, prata e três ouros na Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), além de prêmios na Romênia e na América do Sul.

Foto: Reprodução

A história de sucesso da mineira é uma exceção à regra. A direção do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) estima que cerca de 10% dos competidores da IMO sejam mulheres. Para aumentar esse quadro a organização do concurso criou o Troféu IMPA Meninas. A honraria estreia na 58ª Olimpíada Internacional de Matemática e irá premiar as cinco estudantes que mais contribuírem com o resultado de suas equipes.

A partir da edição deste ano da IMO a premiação especial para mulheres passará a fazer parte do calendário permanente do evento. A olimpíada internacional ocorrerá de 17 a 23 de julho, no Rio de Janeiro. Representantes de 110 países devem participar da competição.

Amanda Foetsch, Laysa Gilles Guidi, Bruna Fernanda Fistarol e Renata Nascimento, medalhistas nas edições da Obmep. Foto: Reprodução

Além de Maria Clara, mais seis mulheres competiram pelo Brasil na IMO: Leda Braga, em 1983; Maria Célia Paiva de Freitas, em 1988; Fátima Luciana da Rocha, em 1992; Daniele Veras de Andrade, em 1998; Larissa Cavalcanti Queiroz de Lima, em 2002 e 2003; e Deborah Barbosa Alves, em 2010 e 2011.

As cinco vencedoras do troféu serão escolhidas por um comitê formado por representantes do IMPA e da organização internacional da olimpíada, com a participação de pelo menos duas mulheres. O critério de avaliação será o desempenho das meninas na competição.

O número de mulheres na disputa entre 2011 e 2016, variou entre 57 e 51 participantes. A presença de 71 mulheres em 2016 foi o recorde do concurso, que teve no ano passado o maior número de competidores da história.

Competição para meninas

Jamile Rebouças, Júlia de Souza, Ana Karoline e Mariana Groff, representantes do Brasil na Olimpíada Europeia de Matemática para Garotas. Foto: Reprodução

As estudantes Juliana de Souza, Jamile Rebouças, Mariana Groff e Júlia Saltiel, campeãs em importantes competições nacionais, como as olimpíadas Brasileira de Matemática (OBM) e Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) participaram em abril da European Girls’ Mathematical Olympiad (EGMO). A disputa só para garotas ocorreu em Zurique, na Suíça e reuniu 168 meninas, de 43 países.

Mariana Groff Bigolin e Jamile Rebouças ficaram com a medalha de bronze, cada uma. A estudante Júlia Perdigão Saltiel recebeu uma menção honrosa. A equipe do Brasil conquistou a segunda melhor colocação da América Latina no ranking de equipes da EGMO, além da 26ª posição no quadro geral. Essa foi a primeira participação brasileira na disputa.

Delegação brasileira na IMO

Edição da IMO na Argentina. Única mulher da delegação, Maria Clara recebeu menção honrosa. Foto: Divulgação

Na delegação brasileira de 2017 não há nenhuma mulher. Os nomes foram anunciados no último dia 13 deste mês. Representam o país, George Lucas Diniz Alencar, João César Campos Vargas, Pedro Henrique Sacramento de Oliveira, André Yuji Hisatsuga, Bruno Brasil Meinhart e Davi Cavalcanti Sena.

Os seis atuais representantes do Brasil. Foto: IMPA

Entretanto, a proposta é reverter esse quadro e o prêmio deverá ser um incentivo. “Esse é um processo que certamente vai demorar um tempo para evoluir, mas a gente tem que agir, porque é um círculo vicioso. Se são poucos os exemplos para elas se inspirarem, as garotas acham que aquilo não é para elas”, argumentou o diretor do IMPA, Marcelo Viana.

Olimpíada internacional

Edição de 2014 da competição internacional: Foto: IMO

A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) é o primeiro passo para participar da disputa internacional. A fase seguinte é a Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM). Os melhores competidores passam por testes e são selecionados para representar o país. Os estudantes participam de um treinamento intensivo com aulas específicas e simulados.

A Olimpíada Internacional de Matemática (IMO) é realizada desde 1959. A competição é dirigida a alunos do ensino médio, entre os 14 e 19 anos. Cada país é representado por uma equipe composta por até seis estudantes e dois professores.

Com informações: IG / Agência Brasil / Escavador / G1 / Uol / IMPA / VolksBlatt

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